A Fé que Abre as Portas do Reino
- escritorhoa
- 1 de dez.
- 3 min de leitura
Liturgia Diária:
Dia 01/12/2025 – Segunda-feira
Evangelho: Mateus 8,5-11
“Quando Jesus entrou em Cafarnaum, aproximou-se dele um centurião suplicando: ‘Senhor, meu servo jaz em casa paralítico, sofrendo terrivelmente.’ Jesus respondeu: ‘Eu irei curá-lo.’ Mas o centurião disse: ‘Senhor, não sou digno de que entres em minha casa; diz somente uma palavra, e o meu servo será curado. Pois também eu sou homem sujeito a autoridade, e tenho soldados sob meu comando; digo a um: Vai — e ele vai; a outro: Vem — e ele vem; e ao meu servo: Faze isto — e ele faz.’Ao ouvir isso, Jesus admirou-se e disse aos que o seguiam: ‘Em verdade vos digo: não encontrei fé tão grande nem mesmo em Israel. Eu vos digo: muitos virão do Oriente e do Ocidente e se sentarão à mesa com Abraão, Isaac e Jacó no Reino dos céus.’”

Reflexão
O encontro entre Jesus e o centurião revela uma fé que ultrapassa fronteiras religiosas e culturais. O sentido literal do texto mostra um homem estrangeiro, romano e pagão, aproximando-se com humildade e confiança absoluta na autoridade de Cristo. Ele reconhece em Jesus um poder semelhante — porém infinitamente superior — ao comando militar que exerce. Sua súplica é concisa, sincera e desinteressada: pede não por si, mas por um servo. Esta caridade já manifesta abertura interior à graça.
Santo Agostinho comenta que “a humildade é a morada onde Deus habita” (Sermão 69,2), e o centurião, ao declarar-se indigno de receber o Senhor, torna-se digno de Sua palavra curativa. A fé autêntica nunca exige sinais; basta-lhe a promessa divina. São João Crisóstomo observa que Cristo “não admira apenas a fé, mas a disposição do coração que se entrega sem reservas” (Homilia sobre Mateus 26). Assim, o centurião prefigura a futura entrada dos gentios na plena comunhão com Deus.
O sentido alegórico aponta justamente para essa universalidade: o servo enfermo representa a humanidade ferida pelo pecado; o centurião simboliza aqueles que, mesmo distantes da revelação, percebem em Cristo a luz que salva. A palavra eficaz de Jesus recorda o poder criador do Verbo, que age sem limitações espaciais. No sentido moral, aprendemos que a verdadeira fé exige humildade, obediência e amor concreto. O Catecismo ensina que a fé é “uma adesão pessoal do homem inteiro a Deus” (CIC 176), e aqui essa adesão se expressa no abandono confiado à autoridade do Senhor.
No sentido anagógico, a promessa final de Jesus abre o horizonte do banquete eterno: muitos virão de longe, chamados pela graça, para partilhar a comunhão dos patriarcas. A imagem da mesa escatológica lembra que o Reino é dom oferecido a todos os que acolhem a Palavra com fé viva.
Assim, este Evangelho nos convida a uma fé simples e firme, capaz de reconhecer a soberania de Cristo em cada circunstância. Ele cura de longe, transforma à distância, restaura com uma única palavra. Basta acolher essa palavra com o mesmo espírito do centurião: humilde, obediente, esperançoso. A fé que move o coração de Jesus é aquela que nasce do reconhecimento sincero de nossa pequenez e da grandeza de Deus.
Pensamentos para Reflexão Pessoal:
O que ainda impede meu coração de confiar plenamente na palavra de Cristo?
De que modo posso exercitar hoje uma fé humilde e obediente, semelhante à do centurião?
Como alimentar o desejo do banquete eterno, vivendo desde já com olhar voltado para o Reino?
Mensagem Final
A fé do centurião nos recorda que Deus age onde encontra humildade e confiança. Cristo cura com uma única palavra, e Sua autoridade alcança cada ferida humana. Que este Evangelho renove em nós a certeza de que o Reino se abre para todos os que acolhem a graça. Caminhemos hoje com fé simples, coração dócil e esperança firme no Senhor.




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