Construir a Vida Sobre a Rocha de Cristo

Liturgia Diária:

Dia 04/12/2025 – Quinta-feira

Evangelho: Mateus 7,21.24-27

“Nem todo aquele que Me diz: ‘Senhor, Senhor!’ entrará no Reino dos céus, mas somente quem faz a vontade de Meu Pai que está nos céus. Portanto, todo aquele que ouve estas Minhas palavras e as põe em prática é semelhante a um homem prudente, que construiu sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa, mas ela não caiu, porque estava fundada sobre a rocha. Mas todo aquele que ouve estas Minhas palavras e não as põe em prática é semelhante a um homem insensato, que construiu sua casa sobre a areia. Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa, e ela caiu — e grande foi a sua ruína.”

Reflexão

Este Evangelho conclui o Sermão da Montanha com uma chamada decisiva à conversão: não basta invocar o nome de Jesus; é necessário cumprir a vontade do Pai. O sentido literal apresenta dois construtores, ambos expostos às mesmas tempestades, símbolos das provações inevitáveis da existência. A diferença entre eles não está no ouvir, mas no agir. O prudente põe em prática a palavra; o insensato a ignora. São João Crisóstomo ensina que “não é o ouvir que salva, mas o obedecer com obras” (Homiliae in Matthaeum, 24), destacando que a fé autêntica exige coerência de vida.

O sentido alegórico revela Cristo como a verdadeira rocha. Ele é o fundamento sólido sobre o qual se edifica a vida espiritual. O Catecismo recorda que “Cristo é o alicerce da Igreja” (CIC 756), e construir sobre Ele significa acolher Sua palavra de modo integral. Assim como a casa sobre a rocha permanece firme, também a alma enraizada em Cristo resiste às tempestades do pecado, das tentações e das tribulações.

No sentido moral, o Evangelho nos chama a discernir se nossa vida espiritual está apoiada em práticas superficiais ou em obediência concreta. Santo Agostinho comenta que “há quem escute a palavra como quem admira uma melodia, mas sem deixar que ela transforme o coração” (Enarrationes in Psalmos, 95,5). A vontade do Pai pede obras de justiça, caridade e perseverança, e exige lutar contra a tentação de construir sobre as “areias” da autossuficiência, do relativismo e das emoções instáveis.

O sentido anagógico aponta para o juízo final. A tempestade que derruba a casa construída sobre a areia evoca a separação definitiva entre os que praticam a vontade de Deus e os que a rejeitam. A firmeza da casa sobre a rocha antecipa a segurança eterna dos que permanecem fiéis.

Este Evangelho ilumina a caminhada diária ao recordar que a vida cristã se constrói pouco a pouco, em escolhas concretas. A oração, a fidelidade aos mandamentos, a vida sacramental e a prática da caridade são os tijolos que fortalecem essa construção espiritual. Cristo não promete ausência de tempestades, mas garante estabilidade a quem se ancora n’Ele. Seguir Sua palavra é abraçar o caminho seguro que conduz à maturidade da fé e à alegria duradoura.

Assim, somos convidados a examinar os alicerces de nossa vida e permitir que Cristo seja nossa rocha firme e eterna.

Pensamentos para Reflexão Pessoal:

1. Sobre quais áreas de minha vida ainda construo na areia da autoconfiança?

2. Como posso traduzir em gestos concretos o Evangelho que escuto diariamente?

3. Minha vida espiritual permanece firme nas tempestades ou revela necessidade de aprofundar os fundamentos em Cristo?

Mensagem Final

Jesus nos chama a construir a vida sobre a rocha firme da obediência à vontade do Pai. A fé autêntica nasce da escuta e se realiza nas obras. Quando fundamentamos tudo em Cristo, nenhuma tempestade é capaz de nos derrubar. Peçamos a graça de fortalecer nossos alicerces espirituais e viver cada dia com fidelidade, confiança e perseverança na palavra do Senhor.