A cruz elevada: amor que salva e gera vida
- escritorhoa
- 14 de set.
- 3 min de leitura
Atualizado: 25 de set.
Liturgia Diária:
Dia 14/09/2025 - Domingo
Evangelho: João 3,13-17
Ninguém subiu ao céu senão aquele que desceu do céu: o Filho do Homem. E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do Homem seja levantado, para que todo aquele que crê tenha, nele, a vida eterna. Pois Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por meio dele.

Reflexão sobre o Evangelho:
Na festa da Exaltação da Santa Cruz, contemplamos o “ser levantado” de Jesus como ápice do amor trinitário que se entrega para a vida do mundo (Jo 3,14-17). No sentido literal, a imagem da serpente de bronze (Nm 21,4-9) ilumina o mistério: quem olhava, vivia; quem crê no Crucificado, recebe a vida eterna. Santo Agostinho ensina que a cruz é “cátedra do Mestre” e “leito nupcial” onde Cristo desposa a Igreja (In Ioannem, Tract. 119,2; 120,2).
Alegoricamente, a elevação do Filho do Homem revela a glória paradoxal: a humilhação é o lugar da exaltação. São Leão Magno proclama: “A cruz de Cristo é fonte de todas as bênçãos” (Sermo 59,7). Moralmente, a cruz nos educa no ordo amoris: renunciar ao pecado e amar como fomos amados (cf. CIC 616; 618). Não é culto ao sofrimento, mas adesão obediente e livre ao desígnio do Pai, que, por nós, “não poupou seu próprio Filho” (Rm 8,32). Anagogicamente, a cruz é estandarte de vitória: por ela, o Príncipe deste mundo é expulso e nos é aberta a pátria eterna (cf. Jo 12,31; S. Tomás, STh III, q.49, a.1).
A lógica do Evangelho corrige duas tentações: reduzir a fé a moralismo sem graça ou a emoção sem entrega. “Deus amou tanto o mundo” estabelece o primado da graça; “para que todo o que nele crê” convoca a resposta pessoal, que se torna obra de caridade. São João Crisóstomo recorda que a cruz “atrai todos, não com ferro, mas com amor” (Hom. in Ioann., 27). A Eucaristia atualiza esta elevação: o Corpo entregue e o Sangue derramado nos configuram a Cristo, para que, levantados com Ele, levantemos os caídos.
Celebrar a Santa Cruz é aceitar ser marcado por ela: sinal na fronte, medida dos desejos, critério das escolhas. Sob o lenho bendito, aprendemos a olhar para Aquele que foi traspassado e, desse olhar, nasce a missão: comunicar misericórdia, construir reconciliação e servir os pequenos. À sombra da cruz, tudo se reordena: a dor ganha sentido, o pecado encontra remédio, a morte perde o aguilhão. Quem crê, não perece; começa já agora a viver da vida que não passa.
Pensamentos para Reflexão Pessoal:
1. Onde a cruz de Cristo precisa reordenar meus amores e decisões concretas hoje?
2. Que ferida pessoal posso apresentar ao Crucificado para transformar em misericórdia para outros?
3. Como a participação na Eucaristia me configura ao amor “elevado” que salva e reconcilia?
Reflexão sobre as Leituras do Dia:
Primeira Leitura: Nm 21,4b-9
Salmo: Sl 77(78),1-2.34-35.36-37.38 (R. cf. 7c)
Segunda Leitura: Fl 2,6-11
Evangelho: Jo 3,13-17 (ou Jo 15,1-10, conforme versão proposta)
Tema: A cruz, trono da misericórdia e escola de humildade.
À luz de Números 21, o lenho elevado torna-se sinal de cura: Deus oferece remédio onde fomos mordidos. O Salmo 77 narra a história de infidelidades e compaixão: Deus, ao ver o povo abatido, “compadeceu-se” e abriu caminho à vida. Em Filipenses 2 resplandece o movimento pascal: Cristo, “existindo em forma de Deus”, humilha-se até a morte de cruz; por isso, o Pai o exalta e todo joelho se dobra.
O Evangelho revela o motivo último: “Deus amou tanto o mundo”. A cruz não é acidente, mas desígnio de amor que salva. Se proclamado Jo 15,1-10, a imagem da videira afirma a mesma verdade: unidos a Cristo — pela fé e caridade obediente — recebemos a seiva do amor que nos purifica e frutifica. Assim, curados do veneno do pecado, aprendemos a humildade do Servo, permanecemos no amor e nos tornamos, na Igreja, sinais de misericórdia, reconciliação e vida nova.
Mensagem Final:
Exaltar a Santa Cruz é contemplar o amor elevado que cura nosso veneno e gera vida. O Pai entregou o Filho; quem crê não perece. Na Eucaristia, participamos desta entrega e aprendemos a permanecer no amor. A cruz torna-se critério das escolhas, remédio das feridas e estandarte da missão: servir, reconciliar e conduzir muitos à vida eterna.
Leitura Complementar:
Para se aprofundar no mistério da Santa Cruz, leia nosso artigo: Exaltação da Santa Cruz: História, Significado e Celebração do Amor Redentor de Cristo




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