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A Cruz, Trono da Glória e da Redenção

Liturgia Diária:

Dia 18/04/2025 - Sexta-feira


Evangelho: João 18,1 - 19,42

Texto do Evangelho (Resumo Litúrgico), versão completa ao final.
Jesus é preso após orar com os discípulos no jardim. Julgado por Anás, Caifás e Pilatos, é injustamente condenado, flagelado e coroado com espinhos. Apesar da pressão dos judeus, Pilatos o entrega para ser crucificado. Na cruz, entrega sua mãe ao discípulo amado e, ao expirar, proclama: “Está consumado”. Um soldado traspassa seu lado, de onde saem sangue e água. José de Arimateia e Nicodemos cuidam da sepultura. O relato mostra o cumprimento das Escrituras, a entrega voluntária de Cristo e o início da redenção.
Crucificação de Jesus entre dois ladrões; Maria, João e Madalena ao pé da Cruz; céu escuro, lança de Longino e sinais da Paixão.

Reflexão:

A Sexta-feira Santa nos coloca diante do mistério mais profundo da nossa fé: a Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. O relato de João, repleto de solenidade e significado teológico, não mostra um Cristo vencido, mas um Rei que reina do alto da cruz. Jesus entrega-se livremente, consciente de que chegou sua hora de passar deste mundo para o Pai (cf. Jo 13,1), revelando a soberania do amor que salva.

Desde a prisão no jardim até o último suspiro na cruz, vemos a majestade de um Deus que se humilha por amor. Aquele que podia ordenar legiões de anjos escolhe o silêncio, a entrega, a obediência. Santo Agostinho afirma: "A paixão de Cristo é a fortaleza do fiel e a confusão do infiel" (In Ioannis Evangelium Tractatus, 119,1). Jesus é o verdadeiro Cordeiro Pascal, sem mancha, que tira o pecado do mundo (cf. Jo 1,29).

Ao responder "Sou eu", Ele manifesta sua identidade divina, revelando-se como o "Eu Sou" de Êxodo 3,14. A queda dos soldados diante desta revelação é mais que um detalhe: é teofania. Ele não é levado, mas se oferece. O Catecismo ensina: "Cristo ofereceu-Se livremente como sacrifício expiatório ao Pai, por nossos pecados" (CIC 606), selando a nova e eterna aliança.

A presença de Maria aos pés da cruz não é passiva. Ela compartilha intimamente do sofrimento do Filho, como nova Eva. De seu coração materno brota a missão de ser Mãe da Igreja. São João Paulo II afirma: "Na cruz, Maria une-se ao sacrifício do Filho com todo o seu amor materno, tornando-se Mãe da humanidade redimida" (Redemptoris Mater, 23).

Do lado aberto de Cristo jorram sangue e água, sinais sacramentais da Eucaristia e do Batismo. São João Crisóstomo diz que "a Igreja nasce do lado de Cristo adormecido na cruz, como Eva do lado de Adão" (Hom. in Ioan., 85). A cruz, outrora sinal de execração, torna-se trono de glória, árvore da vida, altar do sacrifício eterno.

Contemplar a Paixão de Jesus é penetrar no mistério do Amor que se faz vítima. Cada dor, cada golpe, cada silêncio é linguagem redentora. Que a cruz de Cristo seja nosso refúgio seguro, nossa chave de leitura da história e o estandarte da esperança que não decepciona (cf. Rm 5,5).


Pensamentos para Reflexão Pessoal:

1. Tenho acolhido a cruz como sinal de amor e redenção?

2. O que significa para mim contemplar o Cristo crucificado?

3. Tenho deixado que o sangue e água do lado de Cristo me purifiquem e renovem?


Mensagem Final:

Hoje adoramos a Cruz, sinal de nossa salvação. De Cristo crucificado brota vida nova para o mundo. Pela cruz, fomos libertos do pecado e acolhidos no amor eterno de Deus. Que esta Sexta-feira Santa renove em nós o espírito de conversão, gratidão e entrega total àquele que nos amou até o fim.

Texto do Evangelho (versão completa)

Tradução elaborada com base nos textos originais em grego e na Nova Vulgata latina, harmonizando fidelidade textual, clareza teológica e estilo litúrgico. Respeita a tradição católica, com linguagem culta e revisão cuidadosa, preservando o sentido autêntico das palavras e ações de Cristo.

João 18,1 – 19,42

Capítulo 18

1 Depois de dizer essas palavras, Jesus saiu com seus discípulos para além da torrente do Cedron, onde havia um jardim, no qual entrou com eles.2 Também Judas, que o entregava, conhecia aquele lugar, pois Jesus se reunia ali frequentemente com seus discípulos.3 Judas, então, recebendo uma coorte e alguns guardas dos sumos sacerdotes e fariseus, veio ali com lanternas, tochas e armas.4 Jesus, sabendo tudo o que lhe sobreviria, adiantou-se e perguntou: “A quem procurais?”5 Responderam: “A Jesus, o Nazareno.” Ele lhes disse: “Sou eu!” Judas, que o entregava, também estava com eles.6 Quando Jesus lhes disse “Sou eu!”, recuaram e caíram por terra.7 De novo lhes perguntou: “A quem procurais?” Disseram: “A Jesus, o Nazareno.”8 Jesus respondeu: “Já vos disse que sou eu. Se é a mim que procurais, deixai que estes se retirem.”9 Isso para se cumprir a palavra que ele dissera: “Não perdi nenhum dos que me deste.”10 Então Simão Pedro, que trazia uma espada, sacou-a e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. O nome do servo era Malco.11 Jesus, porém, disse a Pedro: “Guarda tua espada na bainha! Não hei de beber o cálice que o Pai me deu?”

12 A tropa, o comandante e os guardas dos judeus prenderam Jesus, amarraram-no13 e o levaram primeiro a Anás, pois era sogro de Caifás, sumo sacerdote daquele ano.14 Era Caifás quem havia aconselhado aos judeus: “Convém que um só homem morra pelo povo.”15 Simão Pedro e outro discípulo seguiam Jesus. Este discípulo, conhecido do sumo sacerdote, entrou com Jesus no pátio do sumo sacerdote,16 enquanto Pedro ficou à porta. O outro discípulo falou com a porteira e levou Pedro para dentro.17 A porteira disse a Pedro: “Não és também tu um dos discípulos deste homem?” Ele respondeu: “Não sou.”18 Os servos e os guardas estavam de pé, aquecendo-se ao redor de um braseiro, pois fazia frio. Pedro também estava com eles, aquecendo-se.

19 O sumo sacerdote interrogou Jesus sobre seus discípulos e seus ensinamentos.20 Jesus respondeu: “Falei abertamente ao mundo; sempre ensinei nas sinagogas e no templo, onde todos os judeus se reúnem. Nada falei em segredo.21 Por que me perguntas? Pergunta aos que ouviram o que lhes falei. Eles sabem o que eu disse.”22 Ao dizer isso, um dos guardas ali presentes esbofeteou Jesus, dizendo: “É assim que respondes ao sumo sacerdote?”23 Jesus lhe respondeu: “Se falei mal, mostra o mal; mas se falei bem, por que me bates?”24 Então Anás o enviou, ainda amarrado, a Caifás, o sumo sacerdote.

25 Simão Pedro estava de pé, aquecendo-se. Disseram-lhe: “Não és também tu um dos seus discípulos?” Ele negou e disse: “Não sou.”26 Um dos servos do sumo sacerdote, parente daquele a quem Pedro cortara a orelha, disse: “Não te vi eu no jardim com ele?”27 Pedro negou outra vez, e imediatamente o galo cantou.

28 Levaram Jesus da casa de Caifás ao pretório. Era manhã. Eles não entraram no pretório para não se contaminarem e poderem comer a Páscoa.29 Então Pilatos saiu até eles e disse: “Que acusação trazeis contra este homem?”30 Responderam-lhe: “Se este não fosse malfeitor, não o teríamos entregue a ti.”31 Pilatos disse: “Tomai-o vós e julgai-o segundo vossa lei.” Os judeus responderam: “A nós não nos é permitido matar ninguém.”32 Isso para que se cumprisse a palavra que Jesus dissera, indicando de que morte iria morrer.

33 Pilatos voltou ao pretório, chamou Jesus e perguntou: “Tu és o rei dos judeus?”34 Jesus respondeu: “Dizes isso por ti mesmo, ou outros te disseram de mim?”35 Pilatos replicou: “Por acaso sou judeu? Teu povo e os sumos sacerdotes te entregaram a mim. O que fizeste?”36 Jesus respondeu: “Meu Reino não é deste mundo. Se o meu Reino fosse deste mundo, meus servos lutariam para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu Reino não é daqui.”37 Pilatos disse: “Então, tu és rei?” Jesus respondeu: “Tu o dizes: eu sou rei. Para isso nasci e para isso vim ao mundo: para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz.”38 Pilatos perguntou: “O que é a verdade?”

Tendo dito isso, saiu de novo para falar aos judeus e lhes disse: “Não encontro nele culpa alguma.39 Mas é costume entre vós que eu vos solte alguém na Páscoa. Quereis, pois, que eu vos solte o rei dos judeus?”40 Então todos gritaram novamente: “Este não, mas Barrabás!” Ora, Barrabás era um salteador.

Capítulo 19

1 Então Pilatos tomou Jesus e mandou açoitá-lo.2 Os soldados teceram uma coroa de espinhos, colocaram-na sobre sua cabeça e o vestiram com um manto púrpura.3 Aproximavam-se dele e diziam: “Salve, rei dos judeus!”, e lhe davam bofetadas.

4 Pilatos saiu de novo e lhes disse: “Eis que o trago para fora, para que saibais que não encontro nele culpa alguma.”5 Jesus saiu, trazendo a coroa de espinhos e o manto púrpura. Pilatos disse-lhes: “Eis o homem!”

6 Ao vê-lo, os sumos sacerdotes e os guardas gritaram: “Crucifica-o! Crucifica-o!” Pilatos respondeu: “Tomai-o vós e crucificai-o, pois eu não encontro culpa nele.”7 Os judeus retrucaram: “Nós temos uma lei, e segundo essa lei ele deve morrer, porque se fez Filho de Deus.”

8 Ao ouvir isso, Pilatos ficou ainda mais receoso.9 Voltou ao pretório e perguntou a Jesus: “De onde és tu?” Mas Jesus não lhe deu resposta.10 Pilatos disse: “Não me respondes? Não sabes que tenho poder para te soltar e para te crucificar?”11 Jesus respondeu: “Não terias poder algum sobre mim, se do alto não te fosse dado. Por isso, quem me entregou a ti tem maior culpa.”

12 A partir desse momento, Pilatos procurava soltá-lo. Mas os judeus gritavam: “Se o soltas, não és amigo de César! Todo aquele que se faz rei, opõe-se a César.”13 Ao ouvir essas palavras, Pilatos trouxe Jesus para fora e sentou-se no tribunal, no lugar chamado Litóstrotos, em hebraico Gábata.

14 Era o dia da preparação para a Páscoa, por volta da hora sexta. Pilatos disse aos judeus: “Eis o vosso rei!”15 Mas eles clamaram: “Fora! Fora! Crucifica-o!” Pilatos lhes disse: “Devo crucificar o vosso rei?” Os sumos sacerdotes responderam: “Não temos outro rei senão César.”16 Então Pilatos entregou Jesus para ser crucificado.

A Crucifixão e Morte de Jesus

17 Tomaram Jesus, que, carregando sua cruz, saiu para o lugar chamado Calvário, em hebraico Gólgota.18 Ali o crucificaram, e com ele outros dois: um de cada lado, e Jesus no meio.

19 Pilatos escreveu um letreiro e mandou fixá-lo na cruz. Nele estava escrito: “Jesus Nazareno, Rei dos Judeus.”20 Muitos judeus leram esse letreiro, pois o lugar onde Jesus foi crucificado era próximo da cidade; estava escrito em hebraico, latim e grego.21 Os sumos sacerdotes dos judeus disseram a Pilatos: “Não escrevas: ‘Rei dos Judeus’, mas: ‘Este disse: Eu sou o rei dos judeus’.”22 Pilatos respondeu: “O que escrevi, escrevi.”

23 Quando crucificaram Jesus, os soldados tomaram suas vestes e as dividiram em quatro partes, uma para cada soldado. Pegaram também a túnica — que não tinha costura, tecida de alto a baixo —24 e disseram entre si: “Não a rasguemos; lancemos sorte sobre ela para ver de quem será.” Isso para que se cumprisse a Escritura: “Dividiram entre si as minhas vestes, e sobre a minha túnica lançaram sortes.” Assim fizeram os soldados.

25 Junto à cruz de Jesus estavam sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria mulher de Cléofas, e Maria Madalena.26 Jesus, vendo sua mãe e o discípulo que ele amava ali presente, disse à mãe: “Mulher, eis o teu filho.”27 Depois disse ao discípulo: “Eis a tua mãe.” E a partir daquela hora, o discípulo a acolheu em sua casa.

A Morte de Jesus

28 Depois disso, sabendo Jesus que tudo estava consumado, para que se cumprisse a Escritura, disse: “Tenho sede.”29 Havia ali um vaso cheio de vinagre. Embebedaram uma esponja no vinagre, fixaram-na num ramo de hissopo e a aproximaram da sua boca.30 Quando Jesus tomou o vinagre, disse: “Está consumado!” E inclinando a cabeça, entregou o espírito.

O Lado de Jesus é Traspassado

31 Era o dia da preparação, e os judeus não queriam que os corpos ficassem na cruz durante o sábado — pois era um sábado solene —, pediram a Pilatos que lhes quebrassem as pernas e fossem retirados.32 Vieram os soldados e quebraram as pernas do primeiro e do outro que com ele estavam crucificados.33 Chegando, porém, a Jesus, vendo que já estava morto, não lhe quebraram as pernas,34 mas um dos soldados traspassou-lhe o lado com uma lança, e imediatamente saiu sangue e água.35 Aquele que viu deu testemunho — e seu testemunho é verdadeiro — e ele sabe que diz a verdade, para que também vós creiais.36 Pois isso aconteceu para que se cumprisse a Escritura: “Nenhum de seus ossos será quebrado.”37 E outra Escritura ainda diz: “Olharão para aquele que transpassaram.”

Sepultamento de Jesus

38 Depois disso, José de Arimateia, que era discípulo de Jesus, mas ocultamente por medo dos judeus, pediu a Pilatos permissão para retirar o corpo de Jesus. Pilatos concedeu. Ele veio, então, e retirou o corpo.39 Nicodemos, aquele que antes havia ido ter com Jesus de noite, também veio, trazendo uns cem libras de uma mistura de mirra e aloés.40 Tomaram o corpo de Jesus e o envolveram em faixas com aromas, como é costume entre os judeus sepultar.41 No lugar onde Jesus foi crucificado havia um jardim, e no jardim um sepulcro novo, no qual ninguém ainda fora posto.42 Ali, pois, por causa da preparação dos judeus e porque o sepulcro estava próximo, colocaram Jesus.

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