A Familiaridade que Ofusca a Fé
- escritorhoa
- há 2 dias
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Liturgia Diária:
Dia 01/08/2025 - Sexta-feira
Evangelho: Mateus 13,54-58
"Jesus, vindo à sua pátria, ensinava o povo na sinagoga, de modo que ficavam admirados e diziam: 'De onde lhe vem essa sabedoria e esses milagres? Não é ele o filho do carpinteiro? Sua mãe não se chama Maria, e seus irmãos, Tiago, José, Simão e Judas? E suas irmãs não vivem todas entre nós? De onde, pois, lhe vem tudo isso?' E escandalizavam-se por causa dele. Jesus, então, lhes disse: 'Um profeta só é desprezado em sua pátria e em sua casa.' E não fez ali muitos milagres, por causa da falta de fé deles."

Reflexão:
Neste trecho do Evangelho segundo Mateus, Jesus retorna à sua terra natal e, ao ensinar com autoridade na sinagoga, provoca admiração e escândalo entre os seus conterrâneos. Eles não conseguem conciliar a sabedoria e os milagres do Senhor com a sua origem humilde e conhecida. A pergunta "Não é este o filho do carpinteiro?" revela o obstáculo criado pela familiaridade, que impede a abertura à fé.
Santo Tomás de Aquino, na Catena Aurea, afirma que Cristo não realizou muitos milagres ali porque a incredulidade fecha o coração à graça (Catena Aurea, Mt 13,54). O Catecismo da Igreja Católica reforça que a fé é uma adesão pessoal do homem a Deus e um assentimento livre à verdade que Ele revelou (CIC 150). Quando a razão humana se deixa aprisionar por preconcepções ou pela superficialidade da aparência, torna-se cega à revelação divina.
Esse Evangelho nos desafia a olhar além da exterioridade. É um chamado à humildade da fé, como ensinava Santo Afonso Maria de Ligório, cuja memória hoje celebramos. Em sua obra Prática do Amor a Jesus Cristo (cap. 5), ele adverte que quem ama verdadeiramente Jesus acolhe sua palavra mesmo quando vem por meios humildes ou desconcertantes.
O sentido literal deste Evangelho mostra a rejeição de Jesus em Nazaré. Alegoricamente, vemos a resistência da humanidade em acolher a sabedoria encarnada. Moralmente, somos convidados a superar nossos preconceitos. Anagogicamente, a recusa dos conterrâneos de Jesus aponta para o julgamento futuro, em que a fé ou incredulidade de cada um será revelada.
Como Igreja, devemos reconhecer que Deus fala através dos simples, dos humildes e do cotidiano. A ausência de milagres em Nazaré não é falha de Cristo, mas limite da fé humana. Quem fecha o coração perde a ação divina.
Pensamentos para Reflexão Pessoal:
1. Tenho reconhecido Jesus quando Ele se manifesta nas coisas simples?
2. Quais preconceitos pessoais me impedem de viver uma fé mais autêntica?
3. Como posso crescer na abertura à graça de Deus através da oração?
Mensagem Final:
A fé verdadeira exige um coração aberto, capaz de reconhecer a presença divina mesmo onde parece improvável. Peçamos a Santo Afonso Maria de Ligório que nos ensine a amar Jesus com confiança e simplicidade, superando a cegueira espiritual que impede tantos de acolherem o Salvador. Acolher Jesus é acolher a vida eterna.
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