A Fé que Abre os Olhos do Coração
- escritorhoa
- 5 de dez.
- 3 min de leitura
Liturgia Diária:
Dia 05/12/2025 – Sexta-feira
Evangelho: Mateus 9,27-31
“Quando Jesus ia passando, dois cegos O seguiram, gritando: ‘Filho de Davi, tem piedade de nós!’ Quando Ele entrou na casa, os cegos se aproximaram, e Jesus lhes perguntou: ‘Acreditais que Eu posso fazer isso?’ Eles responderam: ‘Sim, Senhor.’ Então Ele tocou nos olhos deles, dizendo: ‘Faça-se segundo a vossa fé.’ E seus olhos se abriram. Jesus os advertiu severamente: ‘Cuidem para que ninguém o saiba.’ Mas eles, saindo, espalharam Sua fama por toda aquela região.”

Reflexão
O Evangelho apresenta dois cegos que, mesmo privados da visão, reconhecem em Jesus o Messias esperado, chamando-O de “Filho de Davi”. O sentido literal mostra que eles não apenas clamam, mas seguem o Senhor, revelando perseverança. Entram na casa com Ele, simbolizando intimidade e confiança. Jesus pergunta se eles creem em Seu poder, não por desconhecer a resposta, mas para despertar neles um ato consciente de fé. Santo Agostinho observa: “Deus, que te criou sem ti, não te salvará sem ti” (Sermão 169,11). Assim, a cura exige adesão interior.
A resposta dos cegos — “Sim, Senhor” — manifesta fé viva, e Jesus confirma: “Faça-se segundo a vossa fé.” Aqui, o sentido alegórico revela a cegueira espiritual da humanidade, curada somente pelo toque do Verbo encarnado. A fé se torna a abertura dos olhos do coração, permitindo ver a verdade que só Deus revela. O Catecismo ensina que “a fé é já o começo da vida eterna” (CIC 163), pois passa a iluminar nosso caminho com a luz de Cristo.
Moralmente, este Evangelho nos chama a examinar nossas cegueiras. Mesmo vendo, muitas vezes não percebemos a ação de Deus porque nossos olhos espirituais estão obscurecidos por orgulho, pressa ou falta de oração. São Gregório Magno afirma que “quem deseja ver a luz deve suportar o toque que cura” (Homiliae in Evangelia, 6). Isso implica deixar Cristo aproximar-Se de nossas sombras e permitir que Sua palavra restaure nossa visão interior.
No sentido anagógico, a cura dos cegos aponta para a visão perfeita da glória de Deus prometida aos santos. Aqui na terra vemos “como em espelho e de maneira obscura” (1Cor 13,12), mas a fé já antecipa a alegria futura. Cada cura realizada por Jesus é sinal do Reino que se aproxima, onde não haverá trevas nem lágrimas.
Interessante notar que, apesar da ordem de silêncio, os cegos curados anunciam Jesus. Esse aparente contraste revela uma verdade espiritual: quem experimenta a misericórdia divina não consegue calar-se. O coração transborda gratidão e se torna naturalmente missionário.
Assim, o Evangelho de hoje nos ensina a clamar com confiança, seguir com perseverança e entregar nossa cegueira ao toque do Senhor. Ele deseja abrir nossos olhos para que vivamos na luz e testemunhemos Sua misericórdia ao mundo.
Pensamentos para Reflexão Pessoal:
Quais cegueiras espirituais ainda me impedem de reconhecer a presença de Cristo?
De que modo posso fortalecer minha fé para responder “Sim, Senhor” em cada situação?
Minha vida manifesta gratidão e testemunho após as curas que Deus já realizou em mim?
Mensagem Final
Os cegos do Evangelho nos ensinam a confiança perseverante no poder de Cristo. A fé abre nossos olhos e permite enxergar a presença amorosa de Deus em tudo. Ao acolher o toque do Senhor, somos chamados a viver na luz e a anunciar Sua misericórdia. Que hoje nossa oração seja firme, humilde e cheia de esperança no Salvador.




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