A Nova Lei do Amor Radical
- escritorhoa
- 16 de jun.
- 2 min de leitura
Liturgia Diária:
Dia 16/06/2025 - Segunda-feira
Evangelho: Mateus 5,38-42
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: "Ouvistes que foi dito: 'Olho por olho e dente por dente'. Eu, porém, vos digo: não enfrenteis quem é mau. Pelo contrário, se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a outra. Se alguém quiser processar-te para tirar-te a túnica, dá-lhe também o manto. Se alguém te obrigar a andar mil passos com ele, caminha dois mil. Dá a quem te pede e não vires as costas a quem te pede emprestado".

Reflexão:
Neste trecho do Sermão da Montanha, Nosso Senhor Jesus Cristo subverte a lógica da vingança e da retribuição. A Lei antiga, "olho por olho, dente por dente" (cf. Ex 21,24), estabelecia um princípio de justiça proporcional. Contudo, Cristo introduz a nova Lei da Graça, que supera a justiça humana com a caridade divina. A não-resistência ao mal proposta por Jesus não é covardia, mas uma forma superior de resistência, que brota da fortaleza interior e da liberdade de quem se reconhece filho do Pai.
Santo Agostinho ensina que "o Senhor não destrói a Lei, mas a leva à perfeição, acrescentando o preceito do amor aos inimigos" (De Serm. Dom. in Monte, I, 19). A Lei mosaica continha em germe o Evangelho, que se desdobra em plenitude na Pessoa de Cristo. Ele é o "novo Moisés" que sobe ao monte para ensinar a verdadeira interpretação da vontade de Deus.
O ato de oferecer a outra face é um gesto de liberdade espiritual e desapego do orgulho. Dar o manto a quem já tomou a túnica é um sinal de generosidade desarmada, e caminhar o dobro do exigido revela um coração reconciliado. Esta atitude vai além do justo: é evangélica. O Catecismo da Igreja Católica afirma: "O mandamento do amor ao próximo [...] exige o exercício da misericórdia: para com todos, mesmo os inimigos" (CIC, 2447).
Cristo nos chama a romper com a lógica do mundo, onde a ofensa exige resposta e o mal se multiplica em espiral. Ao contrário, o cristão é convidado a vencer o mal com o bem (cf. Rm 12,21). Esta não é uma lei de fraqueza, mas de fortaleza: fortaleza de alma que se doa, se humilha, e, assim, se exalta.
Seguindo os passos de Cristo, nossa vida torna-se testemunho de uma nova humanidade reconciliada. Como disse São João Crisóstomo: "Nada torna tão semelhantes aos anjos como estarmos prontos a suportar injúrias" (Hom. in Matt. 18,5).
Pensamentos para Reflexão Pessoal:
1. Tenho buscado revidar ofensas ou responder com o amor de Cristo?
2. Como posso ser mais generoso e desprendido no meu cotidiano?
3. Em que momento da minha oração posso oferecer a Deus quem me feriu?
Mensagem Final:
Jesus nos chama à radicalidade do amor. Vencer o mal com o bem não é fraqueza, mas coragem de filhos de Deus. Ao entregarmos nosso orgulho, acolhemos a graça que transforma. Que a Palavra de hoje nos inspire a amar como Cristo ama: sem medida, sem condição, com coragem e mansidão que provêm do Espírito Santo.




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