Conversão que se Torna Obediência
- escritorhoa
- há 4 horas
- 3 min de leitura
Liturgia Diária:
Dia 16/12/2025 – Terça-feira
Evangelho: Mateus 21,28-32
“Que vos parece? Um homem tinha dois filhos. Dirigindo-se ao primeiro, disse: ‘Filho, vai trabalhar hoje na vinha.’ Ele respondeu: ‘Não quero’; mas depois mudou de opinião e foi. O pai dirigiu-se ao segundo e disse o mesmo. Este respondeu: ‘Eu vou, senhor’, mas não foi. Qual dos dois fez a vontade do pai? Eles responderam: ‘O primeiro.’ Então Jesus lhes disse: ‘Em verdade vos digo: os publicanos e as prostitutas vos precedem no Reino de Deus. Pois João veio até vós no caminho da justiça, e não acreditastes nele; ao contrário, os publicanos e as prostitutas acreditaram. Mas vós, mesmo vendo isso, não vos arrependestes depois, para acreditar nele.’”

Reflexão
O Evangelho de hoje apresenta uma parábola simples, mas profundamente incisiva. No sentido literal, Jesus contrasta dois filhos: um que inicialmente recusa a vontade do pai, mas depois a cumpre; e outro que promete obedecer, mas não realiza. A pergunta de Jesus obriga os ouvintes a reconhecer que a obediência verdadeira não está nas palavras, mas nas ações. São João Crisóstomo comenta que “o arrependimento transforma o que era desobediência em caminho de justiça” (Homiliae in Matthaeum, 68).
Alegoricamente, o pai representa Deus, que chama Seus filhos a trabalhar na vinha — símbolo da missão e da vida de santidade. O primeiro filho figura os pecadores públicos que, apesar de um início distante, convertem-se ao ouvir o apelo de João Batista. O segundo filho representa os que aparentam piedade, mas resistem interiormente ao chamado divino. O Catecismo lembra que a conversão “é obra da graça, mas requer a colaboração do homem” (CIC 1425).
O sentido moral destaca a importância da coerência entre fé e vida. Muitos dizem “sim” a Deus apenas de modo verbal ou emocional, mas permanecem estagnados. A parábola nos convida a reconhecer nossas resistências e transformar nossas promessas em atitudes concretas. Santo Agostinho ensina que “Deus pesa as obras, não os discursos” (Enarrationes in Psalmos, 99,7). Assim, obedecer à vontade do Pai é sempre mais decisivo do que parecer religioso.
O sentido anagógico aponta para o juízo e para a entrada no Reino. A afirmação de Jesus — “os publicanos e as prostitutas vos precedem” — mostra que Deus acolhe primeiro aqueles que se arrependem sinceramente, mesmo tendo vivido longe da justiça. A porta do Reino se abre não pela aparência, mas pela conversão real que brota do coração.
Este Evangelho nos convida a um exame profundo: nossas palavras a respeito de Deus e da fé correspondem às nossas escolhas? A obediência verdadeira nasce de um coração que se deixa tocar pela graça. Deus não despreza quem começa mal, mas quem se recusa a mudar. Sua paciência é um convite constante à transformação.
Que hoje sejamos como o primeiro filho: capazes de reconhecer nossas falhas, arrepender-nos e ir trabalhar na vinha com generosidade e fidelidade.
Pensamentos para Reflexão Pessoal:
Minhas ações confirmam ou negam aquilo que digo acreditar?
Em que áreas da minha vida Deus me chama a obedecer de modo concreto?
Tenho resistido à conversão por apego à rotina espiritual ou ao medo de mudança?
Mensagem Final
A parábola dos dois filhos revela que a verdadeira conversão gera obediência concreta. Deus não se impressiona com palavras vazias, mas acolhe o coração que muda e age. Que hoje reconheçamos nossas resistências e respondamos com atitudes ao chamado do Senhor. Caminhar para a vinha é permitir que a graça transforme nossa vida e nos conduza ao Reino com humildade e fidelidade.
