Nascer do Alto para o Reino de Deus
- escritorhoa
- 28 de abr.
- 3 min de leitura
Liturgia Diária:
Dia 28/04/2025 - Segunda-feira
Evangelho: João 3,1-8
Havia entre os fariseus um homem chamado Nicodemos, um dos chefes dos judeus. Ele veio à noite encontrar-se com Jesus e disse: “Rabi, sabemos que és um mestre vindo da parte de Deus, pois ninguém pode realizar os sinais que fazes, se Deus não estiver com ele.” Jesus respondeu: “Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer do alto não pode ver o Reino de Deus.” Nicodemos perguntou: “Como pode um homem nascer, sendo já velho? Pode entrar outra vez no ventre de sua mãe e nascer?” Jesus respondeu: “Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus. O que nasceu da carne é carne; o que nasceu do Espírito é espírito. Não te admires de eu ter dito: ‘Deveis nascer do alto.’ O vento sopra onde quer, ouves seu ruído, mas não sabes de onde vem nem para onde vai. Assim acontece com aquele que nasceu do Espírito.”

Reflexão:
O diálogo entre Jesus e Nicodemos é uma revelação profunda do mistério da regeneração espiritual. Nicodemos, mestre entre os judeus, aproxima-se de Jesus à noite, talvez em busca de luz para seu entendimento limitado da fé. Jesus, em sua resposta, revela o princípio essencial da vida cristã: o novo nascimento “do alto”, pela água e pelo Espírito (Jo 3,3.5).
Esse novo nascimento não é mera mudança de conduta moral, mas transformação radical do ser humano por meio da graça divina. O Batismo, como afirma o Catecismo da Igreja Católica, “é o nascimento para a vida nova em Cristo. Conforme a vontade do Senhor, é necessário para a salvação, como o é a própria Igreja” (CIC 1257). Esse renascimento nos introduz no Reino de Deus e nos capacita a viver segundo o Espírito.
Santo Agostinho explica que “os filhos de Adão devem nascer de novo em Cristo por meio do Espírito, pois de outro modo não verão a vida” (Tract. in Ioan. XI, 3). A carne, por si só, não pode gerar o espiritual; é necessária a ação divina para elevar o homem à comunhão com Deus.
O vento, símbolo do Espírito, representa tanto a liberdade quanto o mistério da ação divina: invisível, mas perceptível em seus efeitos. São Gregório Magno afirma: “O Espírito age invisivelmente no coração, mas manifesta seus frutos nas obras” (Homiliae in Evangelia, II, 30). Isso nos convida a uma vigilância espiritual constante, atentos aos sinais da graça em nossa vida.
No sentido alegórico, o nascimento do alto aponta para a filiação divina recebida na graça. No sentido moral, implica conversão contínua, renovação interior e conformidade com Cristo. No anagógico, nos direciona à vida eterna: quem nasce do Espírito já antecipa em si o Reino celeste.
Este Evangelho nos convida, pois, a deixar que o Espírito Santo nos conduza, mesmo sem sabermos para onde Ele nos leva, confiando que é pelo seu sopro que somos verdadeiramente filhos de Deus (Rm 8,14).
Pensamentos para Reflexão Pessoal:
1. Tenho buscado verdadeiramente o novo nascimento em Cristo, deixando para trás o homem velho?
2. Como posso me abrir mais à ação do Espírito Santo no meu dia a dia?
3. Minha oração favorece a escuta interior da voz e do sopro do Espírito?
Mensagem Final:
Nascer do alto é mais que uma imagem: é um chamado à verdadeira vida em Deus. Deixemos o Espírito agir em nós com liberdade, renovando-nos inteiramente. No Batismo começou nossa jornada; agora, cabe a nós permanecer na graça, buscando o Reino que já começa aqui e culmina na eternidade com Cristo.




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