“Fazei tudo o que Ele vos disser”: Maria, Porta dos Sinais
- escritorhoa
- 12 de out.
- 3 min de leitura
Liturgia Diária:
Dia 12/10/2025 - Domingo
Bem-aventurada Virgem Maria da Conceição Aparecida, Solenidade
Evangelho: João 2,1-11
No terceiro dia houve um casamento em Caná da Galileia. A mãe de Jesus estava ali; Jesus e seus discípulos também foram convidados. Como faltasse vinho, a mãe de Jesus lhe disse: “Eles não têm vinho”. Jesus respondeu: “Mulher, que há entre mim e ti? Minha hora ainda não chegou”. Sua mãe disse aos servos: “Fazei tudo o que Ele vos disser”. Havia ali seis talhas de pedra, destinadas às purificações dos judeus, cabendo em cada uma duas ou três medidas. Jesus disse: “Enchei as talhas de água”. Eles as encheram até em cima. E Ele lhes disse: “Tirai agora e levai ao mestre‑sala”. Eles levaram. O mestre‑sala provou a água tornada vinho; não sabia de onde vinha (os servos que tiraram a água sabiam). Chamou o noivo e disse: “Todos servem primeiro o vinho bom e, quando já beberam bastante, o inferior; tu guardaste o vinho bom até agora”. Assim, em Caná da Galileia, Jesus iniciou os sinais, manifestou a sua glória, e seus discípulos creram nele.

Reflexão sobre o Evangelho:
Na Casa de Caná, Jesus inaugura os sinais e Maria inaugura a sua missão materna na Igreja. O pedido discreto — “Eles não têm vinho” — revela o olhar atento da Mãe que percebe a necessidade antes que seja gritante. O diálogo parece árido: “Mulher, que há entre mim e ti? Minha hora ainda não chegou”. Porém, a fé de Maria lê a hora antecipadamente na obediência: “Fazei tudo o que Ele vos disser”. Aqui, a intercessão não força Deus, mas dispõe os corações ao mandamento de Cristo (CIC 2618).
No sentido literal, o evangelista narra um matrimônio real que se torna epifania: água de purificações, seis talhas incompletas, vinho novo abundante. No sentido alegórico, a Esposa é Israel que, pela palavra do Esposo, recebe o vinho da Nova Aliança; Maria, “Mulher”, remete à nova Eva e à Filha de Sião, figura da Igreja (CIC 963–970). O sinal aponta para a Hora pascal, quando do lado aberto brotarão água e sangue, núpcias do Cordeiro.
No sentido moral, o imperativo mariano educa o discípulo para a obediência concreta: encher até a borda, servir sem entender, confiar no mandato. A perfeição cristã é amor obediente que transforma a água comum do cotidiano no vinho da caridade (CIC 1827). “Faze e crerás; crendo, compreenderás”, exorta Agostinho, indicando que a fé cresce na prática humilde.
No sentido anagógico, o vinho melhor “guardado até agora” promete a alegria escatológica do Reino, onde o Esposo oferece plenitude sem falta. Em Aparecida, contemplamos Maria associada às alegrias dos pobres: fragmentos de barro pescados no rio tornam-se sinal de predileção. Na escola da Mãe, a Igreja aprende a interceder pelos que “não têm”, a apontar para Cristo, e a obedecer-lhe em tudo.
Assim, a Solenidade nos convoca: levar carências à Mãe, e, por ela, deixar-nos conduzir ao Filho; acolher o mandamento e servir; permitir que o Senhor transforme insuficiências em superabundância; viver a vocação batismal como núpcias com o Esposo, testemunhando que Deus guardou para nós o vinho melhor, isto é, a sua graça transbordante.
Pensamentos para Reflexão Pessoal:
1. Onde minha casa “falta vinho”, e como apresento isso a Jesus pelas mãos de Maria?
2. Que passos concretos de obediência hoje posso cumprir para “encher até a borda”?
3. De que modo minha comunidade se torna servidora para que outros provem a alegria do Evangelho?
Reflexão sobre as Leituras do Dia:
Primeira Leitura: Est 5,1b-2; 7,2b-3
Salmo: Sl 44(45),11-12a.12b-13.14-15a.15b-16 (R. 11.12a)
Segunda Leitura: Ap 12,1.5.13a.15-16a
Evangelho: Jo 2,1-11
A temática é nupcial e régia. Ester se apresenta diante do rei pelos seus, imagem da intercessão materna que alcança favor. O Salmo canta a Esposa ornada, à direita do Rei, sinal da dignidade que Deus concede à Mãe do Messias e à Igreja. O Apocalipse mostra a Mulher revestida de sol em combate, cuja maternidade gera Cristo e os “que guardam os mandamentos”. Em Caná, Maria lê as carências humanas e orienta servos ao Verbo; Jesus, Esposo verdadeiro, manifesta a glória e antecipa a Hora que consumará as núpcias pascais. Assim, intercessão, obediência e alegria convergem: por Maria, o povo aprende a dizer “fiat”, e Cristo dá o vinho novo da Nova Aliança.
Mensagem Final:
Hoje, com Maria da Conceição Aparecida, leva a Jesus o que falta e escuta: “Fazei tudo o que Ele vos disser”. Enche até a borda com tua obediência, serve com alegria, e confia que Cristo transforma carências em abundância. Sob o manto da Mãe, renova tua vocação batismal e vive como Esposa do Cordeiro, até provar o vinho melhor do Reino.
Referências: Catena Aurea (Jo 2,1–11). CIC 2618; 963–970; 1613; 1827. Agostinho (Sermo 43,7; In Ioannis Evangelium).
Leitura Complementar:
Para se aprofundar na história de Nossa Senhora Aparecida, leia nosso artigo: Nossa Senhora Aparecida: História, Milagres e Devoção da Padroeira do Brasil




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