Joaquim e Ana: os justos que prepararam o olhar da fé
- escritorhoa
- 26 de jul.
- 4 min de leitura
Liturgia Diária:
Dia 26/07/2025 - Sábado
Santos Joaquim e Ana, pais da Bem-aventurada Virgem Maria – Memória
Evangelho: Mateus 13,16-17
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “Felizes os vossos olhos porque veem, e os vossos ouvidos porque ouvem! Em verdade vos digo: muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes, e não viram; ouvir o que ouvis, e não ouviram.”

Reflexão sobre o Evangelho:
As palavras de Jesus neste breve mas profundo trecho do Evangelho são uma bem-aventurança dirigida aos discípulos, que têm a graça de contemplar, com os próprios olhos, o cumprimento das promessas messiânicas. Neste dia, em que celebramos os santos Joaquim e Ana, pais da Virgem Maria, somos convidados a reconhecer, neles, os “profetas e justos” que prepararam, com sua fé silenciosa, o caminho para a vinda do Salvador.
Embora o Evangelho não mencione diretamente a vida de Joaquim e Ana, a Tradição cristã, confirmada por documentos litúrgicos antigos e por Padres da Igreja como São João Damasceno (Homilia in Nativitatem B. M. V., 1), nos apresenta estes santos como exemplos de piedade, fidelidade e esperança messiânica. Eles não viram a plenitude da redenção em Cristo, mas foram instrumentos essenciais na preparação do seu advento, ao educarem Maria na fé e formarem nela o coração que diria “sim” ao plano de Deus.
Ao afirmar que os discípulos são felizes por verem e ouvirem o que muitos desejaram, Jesus nos ensina que a fé é dom e graça, mas também fruto de gerações que esperaram com confiança. Joaquim e Ana representam essa linhagem bendita: o justo que vive da esperança (cf. Hb 10,38) e que colabora, com sua santidade doméstica, para a realização da obra salvífica.
O Catecismo da Igreja Católica nos recorda que “Deus quis nascer de uma família humana, e foi nela que cresceu e se formou” (CIC, §1655). A memória de hoje reforça o valor da família como lugar privilegiado de transmissão da fé, da escuta da Palavra e da formação das futuras gerações de discípulos.
O olhar e o ouvir de que fala Jesus não são apenas físicos, mas espirituais: ver com os olhos da fé, escutar com o coração aberto. Joaquim e Ana não viram Jesus, mas creram na promessa. E por meio deles, Deus preparou o tabernáculo da nova aliança: Maria, Mãe do Redentor.
Pensamentos para Reflexão Pessoal:
1. Tenho honrado minha herança de fé, cultivada pelas gerações que me precederam?
2. Como posso ser, como Joaquim e Ana, transmissor da fé no meu lar?
3. O que meus olhos e ouvidos espirituais têm contemplado e escutado de Cristo?
Reflexão sobre as Leituras do Dia:
Primeira Leitura: Eclo 44,1.10-15
Salmo: Sl 131(132),11.13-14.17-18 (R. Lc 1,32b)
Evangelho: Mt 13,16-17
A liturgia desta memória celebra os alicerces silenciosos da história da salvação: Joaquim e Ana, avós do Verbo encarnado, cuja santidade foi tecida na humildade do anonimato. A primeira leitura, extraída do livro do Eclesiástico, inicia com uma exortação solene: “Façamos o elogio dos homens ilustres, nossos antepassados, segundo a ordem das suas gerações”. Em seguida, o autor sagrado destaca aqueles “que foram homens de misericórdia, cujas obras de justiça não foram esquecidas”. Aqui se insere a figura de Joaquim e Ana, que, embora não apareçam nos escritos canônicos, foram exaltados pela Tradição como justos cujas vidas prepararam o nascimento da Virgem Maria.
Esses “homens de bem”, como os chama o texto, são testemunhas da fidelidade de Deus que atua de geração em geração. Eles representam a memória espiritual de Israel, a continuidade da esperança messiânica, e a raiz da santidade que frutifica em Maria. Segundo Santo João Damasceno, “por meio de Ana, a esterilidade é vencida, e por meio de Joaquim, a esperança é restaurada” (Hom. in Nativitatem Mariae, I).
O salmo responsorial, em sintonia com essa linhagem messiânica, recorda a promessa feita por Deus a Davi: “Farei brotar um rebento da linhagem de Davi”. Trata-se de um anúncio messiânico que se realiza plenamente na concepção da Virgem Maria e, por ela, no nascimento de Jesus. O “rebento” esperado se manifesta no “sim” de Maria, um sim preparado pelo testemunho de seus pais. A casa de Joaquim e Ana, como o salmo profetiza, é também morada do Altíssimo, pois ali se formou aquela que seria o novo templo de Deus, a Mãe do Salvador.
No Evangelho, Jesus declara felizes os discípulos que veem e ouvem o cumprimento das promessas. Essa bem-aventurança se estende aos justos do Antigo Testamento que, mesmo sem verem, esperaram com fé. Joaquim e Ana fazem parte deste coro silencioso de profetas e justos que desejaram ver a realização do Reino. Sua recompensa foi não apenas ver a luz da promessa em sua filha, mas serem, pela graça, avós de Deus segundo a carne.
Portanto, as leituras convergem em um só louvor: Deus é fiel às suas promessas, e se serve de instrumentos humildes e fiéis para cumprir o seu plano. Joaquim e Ana nos ensinam que a santidade cotidiana, vivida no seio da família, pode preparar os grandes acontecimentos da história da salvação. Eles são, por isso, ícones da espiritualidade doméstica, da esperança perseverante e da justiça silenciosa que brota da fé enraizada em Deus.
Mensagem Final:
Celebrar Joaquim e Ana é reconhecer que a fé se transmite pelo testemunho de gerações fiéis. Sua santidade doméstica preparou Maria, e com ela, toda a Igreja. Que também nós sejamos portadores dessa fé viva, cultivando em nossas famílias o amor a Deus e a esperança na salvação que se realiza em Cristo Jesus, visto e ouvido com o coração.
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