Missão Gratuita, Vida Desapegada
- escritorhoa
- 10 de jul.
- 3 min de leitura
Liturgia Diária:
Dia 10/07/2025 - Quinta-feira
Evangelho: Mateus 10,7-15
“Por onde andardes, proclamai: ‘O Reino dos Céus está próximo!’ Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios. De graça recebestes, de graça deveis dar! Não leveis ouro, nem prata, nem dinheiro nos cintos; nem alforje para o caminho, nem duas túnicas, nem sandálias, nem bastão, pois o operário é digno do seu sustento. Ao entrarem numa cidade ou povoado, procurai saber quem ali é digno, e permanecei com ele até partirdes. Ao entrarem numa casa, saudai-a. Se a casa for digna, venha sobre ela a vossa paz. Se não for, volte para vós a vossa paz. Se alguém não vos receber, nem escutar vossas palavras, saí daquela casa ou cidade e sacudi a poeira dos vossos pés. Em verdade vos digo: No Dia do Julgamento, haverá mais tolerância para Sodoma e Gomorra do que para aquela cidade.”

Reflexão:
O envio dos Doze continua no trecho de hoje, com ênfase no conteúdo, no espírito e na seriedade da missão. A proclamação do Reino dos Céus é acompanhada de sinais concretos: curas, ressurreições, libertações. Jesus associa a pregação a gestos que restauram a vida, revelando que o Reino não é teoria, mas ação redentora.
O Senhor recorda que os dons recebidos são gratuitos e, portanto, devem ser doados da mesma forma. A lógica do Evangelho rompe com a mentalidade mercantilista: a graça não se vende, não se negocia, é dom e serviço. Santo Agostinho exorta: “Recebeste gratuitamente, dá gratuitamente, para que o dom de Deus não se torne moeda de troca” (Sermão 100,1).
A radicalidade da missão se expressa no despojamento: não levar bens materiais, nem duplicidade de vestes. Essa simplicidade não é sinal de desprezo pelo necessário, mas confiança na Providência e liberdade interior. O Catecismo afirma: “Cristo quis depender dos colaboradores para anunciar o Reino, mas também ensinou a confiança absoluta no Pai” (CIC, 1506).
O mensageiro deve ser também portador da paz. A saudação “Shalom” não é mera formalidade, mas um verdadeiro dom espiritual. Se for acolhida, traz bênção; se rejeitada, retorna como testemunho da fidelidade do mensageiro. E se a palavra for rejeitada, a missão não fracassa: sacudir a poeira é gesto profético que denuncia a dureza de coração.
A advertência final é solene. Rejeitar o Evangelho não é indiferente, é grave. Jesus compara tal rejeição à impiedade de Sodoma e Gomorra, cidades símbolo da corrupção extrema (cf. Gn 19). Isso não é um juízo de condenação, mas um alerta sobre a responsabilidade de ouvir e acolher a Palavra.
Alegoricamente, a missão dos apóstolos espelha a da Igreja em todos os tempos. Moralmente, somos chamados à confiança e generosidade. Anagogicamente, antevemos o julgamento escatológico, onde a acolhida ou rejeição do Evangelho terá consequências eternas.
Pensamentos para Reflexão Pessoal:
1. Tenho vivido minha fé como dom gratuito ou me prendo a interesses pessoais?
2. Minha vida reflete confiança em Deus ou apego excessivo às seguranças humanas?
3. Como reajo quando sou rejeitado ao testemunhar minha fé?
Mensagem Final:
Jesus nos envia com a missão de anunciar e viver o Reino com despojamento, coragem e gratuidade. A resposta a essa missão está no acolhimento sincero ou na rejeição. Sejamos mensageiros da paz, confiantes na Providência e fiéis na verdade. O Reino é urgente: proclamemos com gestos concretos o amor que salva e liberta.




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