O Mistério Revelado aos Pequeninos
- escritorhoa
- 2 de dez.
- 3 min de leitura
Liturgia Diária:
Dia 02/12/2025 – Terça-feira
Evangelho: Lucas 10,21-24
“Naquela hora, Jesus exultou no Espírito Santo e disse: ‘Eu Te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do Teu agrado. Tudo me foi entregue por meu Pai; ninguém conhece quem é o Filho senão o Pai, nem quem é o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho quiser revelá-lo.’Voltando-se depois para os discípulos, disse-lhes em particular: ‘Felizes os olhos que veem o que vocês veem. Pois eu vos digo: muitos profetas e reis quiseram ver o que vocês veem e não viram, e ouvir o que vocês ouvem e não ouviram.’”

Reflexão
O trecho de hoje revela um dos momentos mais ternos do Evangelho: Jesus exulta no Espírito Santo, manifestando um louvor direcionado ao Pai pela maneira como Ele conduz a revelação divina. O sentido literal mostra Cristo revelando a identidade do Pai e do Filho, e destacando que essa revelação é dada não aos soberbos, mas aos pequeninos, isto é, aos humildes e simples de coração. São Gregório Magno afirma que “a Escritura se eleva aos grandes, mas se inclina aos pequenos com suavidade” (Homiliae in Evangelia, II, 3), indicando que Deus concede luz aos que confiam mais na graça do que na própria inteligência.
O sentido alegórico apresenta Cristo como o Mediador por excelência, Aquele que revela o Pai de modo perfeito. O Catecismo ensina que Jesus é “a Palavra única e definitiva do Pai” (CIC 65), e por isso a visão espiritual concedida aos discípulos antecipa a plenitude da revelação. Eles são testemunhas privilegiadas do cumprimento das promessas anunciadas aos patriarcas e profetas.
No sentido moral, o Evangelho convida a cultivar a pequenez interior. A verdadeira sabedoria não nasce da capacidade humana, mas da docilidade ao Espírito Santo. Santo Agostinho ensina que “Deus é alto, mas olha para baixo; é grande, mas cuida dos pequenos” (Enarrationes in Psalmos, 138,2). Assim, a humildade torna-se condição indispensável para acolher o mistério de Deus. A exultação de Jesus mostra que a alegria cristã nasce do reconhecimento da ação divina em nós.
O sentido anagógico aponta para a visão definitiva de Deus. As palavras de Cristo sobre profetas e reis que desejaram ver o que os discípulos viam indicam o anseio escatológico por contemplar o rosto do Pai. A felicidade prometida está ligada ao ver e ouvir espirituais que se consumarão na bem-aventurança eterna.
Este Evangelho nos provoca a perguntar como temos recebido a revelação de Deus. Ele continua a se manifestar por meio da Igreja, dos sacramentos e da oração silenciosa. A pequenez interior abre espaço para a luz do Espírito, que torna nosso olhar mais puro e nosso coração mais disposto a reconhecer o agir do Senhor em cada situação. Ao contemplarmos Jesus revelando o Pai, somos chamados a entrar nesse movimento de louvor e confiança, tornando nossa vida um eco da alegria divina.
Pensamentos para Reflexão Pessoal:
Em que áreas de minha vida ainda confio mais em minhas capacidades do que na graça de Deus?
Como posso cultivar hoje a humildade dos pequeninos que acolhem a revelação?
O que tenho feito para educar meus olhos e ouvidos espirituais para reconhecer a presença de Deus?
Mensagem Final
A exultação de Jesus nos convida à humildade que abre caminho para a verdadeira sabedoria. Deus revela Seu mistério aos corações simples, que acolhem a graça com disponibilidade. Que este Evangelho desperte em nós um olhar novo, capaz de perceber a presença amorosa do Pai em cada situação. Caminhemos com confiança, ouvindo e vendo o que Deus deseja revelar hoje.




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