Ver, Ouvir e Compreender os Mistérios do Reino
- escritorhoa
- 24 de jul.
- 3 min de leitura
Liturgia Diária:
Dia 24/07/2025 - Quinta-feira
Evangelho: Mateus 13,10-17
Naquele tempo, os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram: “Por que falas com eles em parábolas?”. Ele respondeu: “Porque a vós foi dado conhecer os mistérios do Reino dos Céus, mas a eles não. Pois a quem tem, será dado ainda mais, e terá em abundância; mas a quem não tem, até o que tem lhe será tirado. É por isso que lhes falo em parábolas: porque vendo, não veem, e ouvindo, não ouvem nem compreendem. Assim se cumpre neles a profecia de Isaías: 'Vós ouvireis, mas não compreendereis; olhareis, mas não vereis. Porque o coração deste povo se tornou insensível: tornaram-se duros de ouvido e fecharam os olhos, para não verem com os olhos, nem ouvirem com os ouvidos, nem compreenderem com o coração, nem se converterem, e eu os cure'. Mas felizes sois vós, porque vossos olhos veem e vossos ouvidos ouvem. Em verdade vos digo: muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes, e não viram; ouvir o que ouvis, e não ouviram.”

Reflexão:
Neste Evangelho, Jesus explica aos discípulos a razão de falar em parábolas. A parábola é linguagem pedagógica, mas também é um véu que exige fé e abertura de coração. O Senhor revela que os “mistérios do Reino dos Céus” são dados àqueles que se dispõem a escutar com o coração, não apenas com os ouvidos.
O uso de parábolas não é exclusão, mas um convite ao aprofundamento. Como observa São Gregório Magno: “A Escritura cresce com o leitor. Quem se aproxima com humildade descobre nela tesouros escondidos” (Homiliae in Evangelia, I, 11). Jesus não oculta a verdade para condenar, mas para provocar o desejo de buscá-la com fé e conversão.
A citação do profeta Isaías revela uma realidade espiritual: há corações endurecidos, olhos cegos e ouvidos surdos pela resistência à verdade. O problema não está na mensagem, mas na disposição do ouvinte. Como diz Santo Tomás de Aquino: “A graça é oferecida a todos, mas não é recebida por todos do mesmo modo” (S. Th., I-II, q.112, a.3).
A bem-aventurança final — “Felizes sois vós, porque vossos olhos veem e vossos ouvidos ouvem” — é uma exortação à gratidão e à vigilância. Quantos, ao longo da história, desejaram viver o que os discípulos viveram! Jesus revela que o tempo messiânico é graça única, e cada geração é chamada a reconhecê-lo como tempo de salvação.
O Catecismo afirma: “Na Sagrada Escritura, Deus fala ao homem à maneira dos homens” (CIC, §109). As parábolas se encaixam nesse princípio: linguagem acessível, mas carregada de profundidade espiritual. Cabe-nos cultivar olhos abertos e ouvidos atentos, purificados pelo Espírito, para acolher a Palavra com fé viva.
Pensamentos para Reflexão Pessoal:
1. Tenho acolhido os ensinamentos de Cristo com mente aberta e coração humilde?
2. Reconheço na Palavra de Deus o tesouro que muitos desejaram ver e ouvir?
3. Permito que a Palavra me converta e me cure em minha cegueira espiritual?
Mensagem Final:
Jesus nos chama a escutar com o coração e a ver com os olhos da fé. As parábolas não escondem, mas revelam a verdade aos que se abrem à ação do Espírito. Peçamos a graça de sermos discípulos atentos e dóceis, capazes de acolher os mistérios do Reino e viver segundo a luz do Evangelho.




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