Ai das cidades que não se convertem
- escritorhoa
- há 3 dias
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Liturgia Diária:
Dia 03/10/2025 - Sexta-feira
Evangelho: Lucas 10,13-16
Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque, se em Tiro e em Sidônia tivessem sido feitos os milagres realizados em vós, há muito teriam feito penitência, vestindo-se de saco e sentando-se sobre cinza. Por isso, no juízo haverá menos rigor para Tiro e Sidônia do que para vós. E tu, Cafarnaum, por acaso serás elevada até o céu? Até ao Hades serás abatida! Quem vos escuta, a mim escuta; quem vos rejeita, a mim rejeita; e quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou.

Reflexão:
O Evangelho traz os 'ais' proféticos sobre Corazim, Betsaida e Cafarnaum. No sentido literal, Jesus denuncia a resistência de cidades privilegiadas por sinais: a proximidade não garante fé; milagres pedem conversão. As comparações com Tiro e Sidônia mostram que o juízo mede a resposta à graça recebida (cf. CIC 678). Alegoricamente, as cidades representam o coração humano visitado pela Palavra: quando a acolhe, eleva-se; quando se fecha, desce à 'mansão dos mortos', isto é, à esterilidade espiritual. Moralmente, os 'ais' são pedagogia da misericórdia severa: Deus admoesta para salvar. 'Quem vos escuta, a mim escuta' constitui regra pastoral e eclesial: acolher o enviado é acolher Cristo e o Pai (cf. Lc 10,16; CIC 858). Anagogicamente, o juízo futuro confere peso às decisões presentes, pois a eternidade começa na disposição do coração (cf. CIC 1021-1022).
Santo Agostinho ensina que a paciência de Deus é salvífica, mas não infinita na história: adia-se a pena, não se nega o juízo (Serm. 85,3). São João Crisóstomo observa que a condenação maior recai sobre quem viu mais prodígios e permaneceu frio, porque o privilégio aumenta a responsabilidade (Hom. in Matth. 39,2). São Gregório Magno exorta: 'Consideremos os benefícios, para temermos o juízo' (Hom. in Evang. I,9).
Para nós, as cidades são ambientes onde vivemos: família, trabalho, paróquia. Podemos ter ouvido homilias, recebido sacramentos, visto testemunhos — e ainda assim adiar a conversão. O remédio é o 'coração contrito' que acolhe a graça hoje (cf. Sl 50). Entrar em caminho de penitência concreta: reconciliação sacramental, reparação de injustiças, opções pela verdade quando custam. Pastoralmente, reconheçamos a autoridade de Cristo que fala na Igreja: escutar o Magistério, honrar os pastores, rezar por eles, discernir carismas em comunhão.
Missão: A advertência culmina na missão: enviados que falam em nome do Senhor. O anúncio não é opinião privada; é participação no envio do Filho. Por isso, coragem e mansidão: sem dureza rancorosa, sem relativismo tímido. A caridade torna a palavra incisiva e medicinal (cf. STh II-II, q.43, a.7). Peçamos a intercessão da Virgem Maria para acolher o hoje de Deus, a fim de que nossas 'cidades' se abram ao Reino e sejam elevadas com Cristo. Acolher significa crer e converter-se: tempo, afetos e recursos orientados para Deus, liturgia vivida, caridade solidária, escuta obediente da Palavra. Se hoje ouvirmos sua voz, não endureçamos o coração; Ele visita nossas praças com misericórdia que salva e verdade que liberta e cura.
Pensamentos para Reflexão Pessoal:
1. Que sinais da graça tenho recebido e ainda não respondi com conversão concreta?
2. O que hoje preciso reparar, reconciliar ou abandonar para honrar a Palavra que escutei?
3. Como posso acolher e apoiar melhor os enviados de Cristo na minha comunidade?
Mensagem Final:
Recebamos o hoje de Deus com coração humilde e obediente. Se ouvimos, convertamo-nos; se ansiamos, confiemos; se caímos, levantemo-nos pela graça. Escutemos a Igreja, mensageira de Cristo, e testemunhemos a verdade com caridade. Que Maria nos ajude a transformar nossas cidades em espaços de fé operosa, esperança firme e amor. Perseveremos na oração, na penitência e na missão cotidiana fiel.
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