Coração de Pastor e Oração de Discípulo
- escritorhoa
- 8 de jul.
- 2 min de leitura
Liturgia Diária:
Dia 08/07/2025 - Terça-feira
Evangelho: Mateus 9,32-38
“Apresentaram-lhe um mudo possuído por um demônio. Expulso o demônio, o mudo falou. As multidões maravilhavam-se, dizendo: ‘Nunca se viu coisa igual em Israel!’ Mas os fariseus diziam: ‘É pelo príncipe dos demônios que ele expulsa os demônios.’ Jesus percorria todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino e curando toda enfermidade e doença. Ao ver as multidões, teve compaixão delas, porque estavam cansadas e abatidas como ovelhas sem pastor. Então disse aos seus discípulos: ‘A colheita é grande, mas os operários são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da colheita que envie operários para a sua messe.’”

Reflexão:
O Evangelho de hoje apresenta-nos a ação libertadora e compassiva de Jesus. Ele cura um homem mudo, possesso por um espírito maligno, e a multidão reage com admiração, enquanto os fariseus, endurecidos, atribuem o bem ao maligno. Essa oposição revela uma constante: o coração aberto à fé reconhece a obra de Deus, enquanto o coração fechado resiste, mesmo diante do evidente.
Santo Agostinho escreve: “É próprio da soberba dos fariseus não ver a luz que brilha, pois fecham os olhos por orgulho” (Tractatus in Ioannem, 44). A cura da mudez causada pelo demônio indica a libertação da alma que, oprimida pelo mal, não louva nem comunica. Quando Cristo entra, o homem volta a falar: símbolo da restauração da comunhão com Deus e com os outros.
O texto, porém, não se detém no milagre. Ele nos conduz à compaixão de Jesus. Ao ver as multidões, fatigadas e perdidas, Ele se comove. O verbo usado, “teve compaixão” (gr. ἐσπλαγχνίσθη), expressa um amor visceral, que brota das entranhas. Jesus se revela como o Bom Pastor (cf. Jo 10,11), aquele que cuida, conduz e dá a vida por suas ovelhas.
O Catecismo ensina que “o olhar de Jesus atinge o íntimo do homem, toca suas raízes mais profundas” (CIC, 2711). A missão de Cristo continua: Ele percorre, ensina, cura. Mas precisa de colaboradores. Por isso, Ele convida à oração: “Rogai ao Senhor da colheita”. A messe é abundante — tantas almas sedentas de verdade e salvação! — mas os operários são poucos.
Esta súplica nos compromete. Somos chamados não apenas a pedir vocações, mas a sermos nós mesmos enviados, conforme nosso estado de vida. A missão não é opcional, mas expressão da nossa fé viva. Alegoricamente, o campo é o mundo; moralmente, a messe é o nosso próximo; anagogicamente, é o Reino que se colhe para a eternidade.
Que a compaixão de Cristo nos transforme, e que nossa oração se faça disponibilidade, oferecendo nossa vida ao serviço da verdade e da caridade.
Pensamentos para Reflexão Pessoal:
1. Tenho reconhecido os sinais da ação de Deus em minha vida com um coração aberto?
2. De que forma posso ser um operário na messe do Senhor hoje?
3. Minha oração inclui a súplica por vocações e por um coração missionário?
Mensagem Final:
Cristo continua a passar entre nós com compaixão e poder. Ele cura, liberta e envia. Somos convidados a reconhecer sua ação e a unir nossa oração à sua missão. A colheita é grande: que sejamos instrumentos da graça, operários disponíveis, testemunhas do Evangelho que cura os corações e revela a presença amorosa do Bom Pastor entre nós.




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