Corrigir com humildade, não com julgamento
- escritorhoa
- 23 de jun.
- 2 min de leitura
Liturgia Diária:
Dia 23/06/2025 - Segunda-feira
Evangelho: Mateus 7,1-5
“Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o julgamento com que julgardes, sereis julgados; e com a medida com que medirdes, também vos medirão. Por que vês o cisco no olho do teu irmão, e não percebes a trave que está no teu próprio? Ou como poderás dizer ao teu irmão: ‘Deixa-me tirar o cisco do teu olho’, quando tens uma trave no teu? Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho, e então verás bem para tirar o cisco do olho do teu irmão.”

Reflexão:
O Evangelho de hoje nos confronta com um dos maiores desafios da vida cristã: resistir à tentação de julgar o próximo. Jesus, no Sermão da Montanha, não condena a correção fraterna, mas denuncia a atitude hipócrita daquele que julga sem antes reconhecer sua própria condição de pecador. O juízo tem seu lugar, mas cabe a Deus em plenitude (cf. Tg 4,12). A exortação de Cristo visa sobretudo purificar o coração de seus discípulos da soberba e da autossuficiência.
O julgamento injusto nasce de um coração que ainda não foi transformado pela misericórdia. Santo Agostinho comenta: “Não julgueis, para que não sejais julgados. É o aviso contra uma ousadia que se levanta acima da medida da caridade” (Sermo 83,1). A medida de Deus é a misericórdia, e é com essa régua que Ele nos chama a medir.
São João Crisóstomo explica que Jesus quer que cuidemos primeiro de nossa própria conversão: “É grande loucura negligenciar os próprios pecados e ocupar-se dos dos outros” (Homiliae in Matthaeum, Hom. 23). A imagem da trave e do cisco ilustra com vigor essa inversão de prioridades espirituais. Quem não se enxerga claramente diante de Deus, dificilmente poderá enxergar o outro com caridade e verdade.
No sentido moral, o texto nos convida à conversão pessoal antes da correção alheia. Corrigir o irmão é ato de caridade, mas só é eficaz se brotar da humildade e for sustentado pela oração. O Catecismo nos recorda: “A respeito do próximo, todo homem deve pressupor boa fé, evitar o juízo temerário e abster-se de toda palavra ou atitude que possa causar injustiça” (CIC, §2478).
A nível anagógico, a palavra de Jesus também aponta para o juízo final. Seremos julgados conforme julgamos. O olhar misericordioso será acolhido com misericórdia; o olhar severo, com severidade. A advertência é clara: “Com a medida com que medirdes, também vos medirão.” A prudência cristã nos convida, portanto, a cultivar um olhar purificado pelo Evangelho.
Pensamentos para Reflexão Pessoal:
1. Tenho reconhecido minhas falhas com humildade ou tenho sido rápido em julgar os outros?
2. Como posso praticar a correção fraterna de forma caridosa e respeitosa?
3. Minha oração diária tem me ajudado a enxergar os outros com os olhos de Cristo?
Mensagem Final:
Cristo nos chama a um coração purificado pela misericórdia e pela verdade. Antes de corrigirmos o próximo, sejamos sinceros em nossa própria conversão. O olhar de Deus sobre nós é compassivo; aprendamos, com Ele, a medir com justiça temperada pelo amor. Que nossas palavras e ações reflitam a luz do Evangelho em cada relação vivida.




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