“E vós, quem dizeis que eu sou?”

Liturgia Diária:

Dia 26/09/2025 - sexta-feira

Evangelho: Lucas 9,18–22

Tradução própria

Estando Jesus a orar em particular, seus discípulos estavam com Ele; e perguntou-lhes: “Quem dizem as multidões que eu sou?”

Eles responderam: “Uns, João Batista; outros, Elias; e outros, que um dos antigos profetas ressuscitou”.

Disse-lhes: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Pedro respondeu: “O Cristo de Deus”.

Ele, porém, advertiu-os severamente para que a ninguém dissessem isso; e acrescentou: “O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, sumos sacerdotes e escribas, ser morto e, ao terceiro dia, ressuscitar”.

Reflexão:

Jesus reza a sós e interroga: “Quem dizem as multidões que eu sou?”. Depois, dirige-se aos discípulos: “E vós, quem dizeis que eu sou?”. Pedro responde: “Tu és o Cristo de Deus”. Em seguida, o Senhor impõe silêncio e anuncia: “O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado, morto e ressuscitar ao terceiro dia”. No sentido literal, Lucas une oração, revelação e caminho pascal: a identidade messiânica reconhecida por Pedro esclarece-se à luz da cruz. A confissão verdadeira evita triunfalismos, pois o Messias vem cumprir a vontade do Pai pela oblação de si.

No sentido alegórico, Cristo é o Ungido esperado, mas o seu reinado se manifesta no dom da vida, não na força terrena. O Catecismo explica que “Cristo” significa “Messias”, consagrado pelo Espírito para instaurar o Reino (CIC 436), e que sua realeza revela-se sobretudo na cruz (CIC 440). Os Padres, recolhidos por São Tomás, notam que Jesus silencia o título para purificar a compreensão dos discípulos, conduzindo-os do entusiasmo à fé obediente (Catena Aurea, Lc 9,18–22).

No sentido moral, o Senhor nos pergunta hoje: “E tu, quem dizes que eu sou?”. Responder com a boca implica converter o coração e as escolhas. A confissão de Pedro pede perseverança quando a cruz aparece: aceitar perdas por amor, preferir a verdade, renunciar a vanglórias. O plano do Pai inclui a paixão do Filho para nossa salvação (CIC 572); nele, somos convidados a unir nossas dores à oferenda de Cristo, participando do seu sacrifício com fé, esperança e caridade (CIC 618).

No sentido anagógico, a ressurreição “ao terceiro dia” antecipa a nossa própria glorificação: quem confessa Jesus e o segue partilha sua vida para sempre. Enquanto caminhamos, a Igreja guarda o depósito da fé e confessa publicamente que Jesus é o Senhor; cada batizado é chamado a dar testemunho com palavras e obras (CIC 1816). Alimentados pela Eucaristia e pela Palavra, aprendemos a dizer “Tu és o Cristo” nos ambientes concretos: família, trabalho, paróquia, redes, dores e esperanças.

Concretamente, renovemos a profissão de fé no Credo, aproximemo-nos da Confissão sacramental, e ofereçamos um serviço silencioso a quem sofre. Peçamos a Pedro firmeza, e a Maria, Mãe da Igreja, docilidade. Quando a pergunta do Senhor nos alcançar, não respondamos com rumores, mas com amizade real: oração diária, escuta, humildade. Então, a confissão se tornará caminho: do “Cristo” reconhecido ao Cristo seguido, até que a glória ilumine toda a nossa história.

Pensamentos para Reflexão Pessoal:

1. Quem digo que Jesus é, nas escolhas concretas de hoje, diante de facilidades e cruzes?

2. Que passo de fé e renúncia posso assumir para seguir o Cristo com mais coerência?

3. Como a Eucaristia e a Confissão podem sustentar minha profissão de fé cotidiana?

Mensagem Final:

Jesus pergunta: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Responda: “Tu és o Cristo”, e siga-o no caminho da cruz e da esperança. Reze, confesse-se, comungue e sirva com humildade. Corte triunfalismos e medos. Com Pedro e Maria, renove sua fé hoje e testemunhe o Senhor onde vive, trabalha e ama. Na paróquia, na família, nas redes, permaneça fiel sempre.

Referências: Catena Aurea (Lc 9,18–22). CIC 436; 440; 572; 618; 1816.