Filhos da Sabedoria: docilidade ao tempo de Deus
- escritorhoa
- 17 de set.
- 3 min de leitura
Atualizado: 18 de set.
Liturgia Diária:
Dia 17/09/2025 - quarta-feira
Evangelho: Lucas 7,31–35
Tradução própria
“A quem, pois, compararei os homens desta geração? E a quem são semelhantes?
São semelhantes a crianças sentadas na praça, que gritam umas às outras: ‘Tocamos flauta para vós, e não dançastes; entoamos lamentações, e não chorastes’.
Veio João, que não comia pão nem bebia vinho, e dizeis: ‘Tem um demônio’. Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e dizeis: ‘Eis um comilão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores’.
Mas a Sabedoria é justificada por todos os seus filhos.”

Reflexão:
Jesus compara “esta geração” a crianças caprichosas que rejeitam tanto a flauta quanto o lamento. João veio austero; o Filho do Homem veio em convívio; ambos foram recusados. No sentido literal, Lucas denuncia a resistência ao desígnio de Deus: não dançam ao convite da alegria, nem choram ao apelo da penitência. Contudo, “a Sabedoria é justificada por todos os seus filhos”: os que acolhem Jesus reconhecem que Deus visitou o seu povo (Lc 7,31–35).
No sentido alegórico, João representa a pedagogia ascética que prepara o caminho; Cristo, Sabedoria encarnada, desposa a humanidade e oferece o vinho novo. A recusa dupla revela um coração dividido. Os Padres, recolhidos na Catena Aurea, veem nos dois estilos um só desígnio salvador: penitência e festa convergem em Cristo (Catena Aurea, Lc 7,31–35; Ambrósio, Expos. Luc.). As parábolas revelam e convidam à decisão de fé (CIC 546); Jesus escandaliza porque busca os pecadores em misericórdia (CIC 588).
No sentido moral, examinemos nossas desculpas refinadas: pedimos sinais ao estilo que preferimos e recusamos a graça quando ela chega por outra via. O Senhor chama docilidade: acolher a austeridade de João, que convoca à conversão, e a proximidade de Jesus, que nos senta à mesa da misericórdia. Santo João Crisóstomo ensina que a Palavra não muda para agradar caprichos; quem muda é o discípulo (Crisóstomo, Hom. in Matth.).
No sentido anagógico, a Sabedoria será plenamente “justificada” quando o Cordeiro celebrar as núpcias e cessarem os lamentos: então toda penitência desembocará em festa eterna. Até lá, o discípulo aprende o compasso do Reino: jejua e celebra, chora e se alegra, conforme a vontade de Deus. A verdadeira liberdade consiste em responder à graça, não em ditar o ritmo a Cristo que passa e convida.
Concretamente, aceite hoje a música de Deus. Na oração, peça discernimento para reconhecer por onde Ele o chama. Confesse pecados, reconcilie relações feridas, participe da Eucaristia com fome de conversão e caridade. Se a graça vier em modo austero, obedeça; se em banquete, agradeça e partilhe. “A Sabedoria é justificada por seus filhos”: torne-se filho, praticando o que a Palavra inspira (cf. CIC 2042; 2043). E, quando o mundo zombar de João e caluniar Jesus, permaneça fiel: nem rigidez sem amor, nem permissividade sem verdade; caminhe humilde com a Igreja, onde a Sabedoria educa, cura e envia. Então, dançará ao som do Evangelho e chorará o pecado, com esperança, humilde, perseverante e alegre.
Pensamentos para Reflexão Pessoal:
1. Em quais situações imponho meu “ritmo” a Deus e resisto quando a graça chega por outra via?
2. Que passo concreto hoje exprime docilidade: penitência de João ou convívio misericordioso de Jesus?
3. Como justificar a Sabedoria com escolhas práticas na família, no trabalho e na paróquia?
Mensagem Final:
Jesus denuncia caprichos que recusam João e o Filho do Homem. Seja dócil: aceite a música de Deus em penitência e festa. Reze, confesse, reconcilie, comungue com fome de caridade. Justifique a Sabedoria com suas escolhas, hoje. Com a Igreja e Maria, caminhe fiel, humilde e alegre, servindo os irmãos com verdade e misericórdia. Persevere no bem quotidiano com constância.




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