Justiça, amor e obras — a prova da oração
- escritorhoa
- 15 de out.
- 3 min de leitura
Liturgia Diária:
Dia 15/10/2025 - Quarta-feira
Evangelho: Lucas 11,42-46
“Ai de vós, fariseus, porque pagais o dízimo da hortelã, da arruda e de toda planta, mas deixais de lado a justiça e o amor de Deus! Devíeis praticar isto, sem omitir aquilo. Ai de vós, fariseus, porque gostais do primeiro assento nas sinagogas e das saudações nas praças! Ai de vós, porque sois como sepulcros invisíveis, sobre os quais os homens caminham sem saber”. Um doutor da Lei tomou a palavra e disse: “Mestre, falando assim, insultas também a nós”. Ele respondeu: “Ai de vós também, doutores da Lei, porque carregais os homens com fardos difíceis de levar, e vós mesmos nem com um dedo tocais nesses fardos”.

Reflexão:
O Evangelho traz as denúncias de Jesus contra fariseus e doutores: dizimam hortelã, arruda e toda erva, mas descuidam a justiça e o amor de Deus; buscam os primeiros assentos e as saudações; são como sepulcros invisíveis que contaminam quem passa; impõem fardos pesados sem tocar neles. No sentido literal, o Senhor opõe minúcias ritualistas à misericórdia e à fidelidade. “Devíeis praticar isto, sem omitir aquilo”: não despreza o dízimo, mas exige o coração inteiro. Alegoricamente, os ‘sepulcros’ apontam para uma religião sem vida pascal, que esconde morte sob aparência de piedade. Moralmente, somos chamados a unir culto e justiça, oração e caridade, retidão pública e pureza de intenção. Anagogicamente, a verdade das obras será manifestada no juízo, quando o amor pesará tudo (cf. CIC 1022; 1826).
Santa Teresa de Jesus, cuja memória hoje celebramos, é mestra de autenticidade. Na experiência do ‘Castelo Interior’, ela mostra que a oração verdadeira transforma a vida concreta, gerando decisões, obras e perseverança (cf. Moradas, VII). “Amigo verdadeiro de Deus, ninguém o engana”: Deus não se contenta com fachadas, quer o centro. São Tomás ensina que a caridade é forma das virtudes; sem ela, até o zelo religioso pode degenerar em vaidade (STh II-II, q.23, a.8). Santo Agostinho lembra que o dízimo do coração é a misericórdia, medida com a medida de Deus (Serm. 358).
Aplicação: revisitar hábitos devotos e deveres de justiça. Dizimar sem omitir salários justos, contratos, pontualidade, impostos devidos. Rezar sem desprezar o pobre à porta. Buscar lugares discretos, não honras. Acompanhar quem está esmagado por fardos: escutar, orientar, aliviar com tempo e recursos. Examinar intenções: busco Deus ou aprovação? A Confissão devolve verdade; a Eucaristia inflama a caridade. Em pastoral, formemos consciências que unam doutrina e vida: catequese exigente e terna, liturgia sóbria, caridade organizada.
Teresa ensina uma prova: “Obras, obras quer o Senhor.” A oração que não melhora os costumes nem fortalece amar não passa de ilusão. Por isso, cuidemos da interioridade: silêncio, leitura da Palavra, exame, acompanhamento espiritual. Ao mesmo tempo, cuidemos do próximo: justiça, reconciliação, serviço. Assim, evitaremos o risco de nos tornarmos ‘sepulcros invisíveis’: exterior lustroso, interior oco. O Evangelho pede coerência humilde: praticar o que ensinamos, tocar fardos com as mãos, repartir perdas e cruzes. Peçamos a Maria e a Santa Teresa um coração inflamado e lúcido, para que a casa seja habitada por Cristo e, de dentro para fora, transborde em justiça e amor.
Pensamentos para Reflexão Pessoal:
1. O que mantenho polido por fora, mas preciso purificar por dentro com verdade e caridade?
2. Que fardo concreto tocarei hoje, aliviando alguém com tempo, recursos e presença?
3. Minha oração diária tem gerado obras de justiça e misericórdia verificáveis?
Mensagem Final:
Jesus denuncia o culto exterior sem caridade e chama à pureza que nasce de dentro. Com Santa Teresa, peçamos oração verdadeira que se traduza em obras. Confissão, Eucaristia e esmola convertam intenções. Toquemos fardos alheios, busquemos lugares discretos, pratiquemos justiça. O Mais Forte habite nossa casa. Coerentes, serviremos em humildade. O Espírito fortalecerá passos firmes na caridade cotidiana e missionária.
Leitura Complementar:
Para aprofundar na vida de Santa Teresa de Jesus, leia nosso artigo: Santa Teresa de Ávila: Vida e Legado de uma Reformadora Mística




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