Lâmpada no candeeiro: “vede como ouvis”
- escritorhoa
- 22 de set.
- 3 min de leitura
Liturgia Diária:
Dia 22/09/2025 - segunda-feira
Evangelho: Lucas 8,16–18
Tradução própria
“Ninguém acende uma lâmpada para cobri-la com um vaso ou colocá-la debaixo da cama; mas a põe no candeeiro, para que os que entram vejam a luz. Pois nada há oculto que não venha a tornar-se manifesto, nem escondido que não venha a ser conhecido e a vir à luz. Vede, pois, como ouvis; pois a quem tem será dado, e a quem não tem, até o que julga ter lhe será tirado.”

Reflexão:
Jesus fala da lâmpada colocada no candeeiro: ninguém a acende para escondê-la. Nada há oculto que não venha a manifestar‑se. Em seguida adverte: “Vede, pois, como ouvis; ao que tem será dado, e ao que não tem, até o que julga ter lhe será tirado”. No sentido literal, Lucas insiste que a Palavra recebida deve iluminar; o segredo do Reino destina‑se a ser revelado. O critério é a audição obediente, que gera fecundidade e responsabilidade diante de Deus.
No sentido alegórico, a lâmpada é Cristo, Luz do mundo, e também seu Evangelho aceso na Igreja. A graça não é tesouro enterrado; brilha na comunhão e na missão. Os Padres recordados por Tomás afirmam que esconder a lâmpada é negar testemunho por temor humano (Catena Aurea). O Catecismo ensina: a fé deseja comunicar‑se; a caridade difunde o bem e multiplica‑o (CIC 166; 1827). Assim, quem acolhe a Luz participa de sua difusão e se torna transparência do Senhor.
No sentido moral, a advertência “vede como ouvis” pede atenção, perseverança e prontidão para agir. Ouvir distraído esteriliza a semente; ouvir com coração dividido apaga o brilho. Examinemos hábitos: oração fiel, leitura orante, silêncio interior, obras de misericórdia. Segundo o Catecismo, a contemplação abre o coração à Palavra e configura o discípulo (CIC 2708); a conversão cotidiana ordena afetos e escolhas (CIC 1435). Quem pratica o que escuta recebe mais luz; quem negligencia perde até lampejos.
No sentido anagógico, a lâmpada aponta para o Dia em que tudo será revelado em Cristo. Caminhamos na esperança, guardando o que já recebemos e pedindo aumento de luz. “Ao que tem será dado” indica crescimento na graça, não privilégio arbitrário: o dom frutifica quando compartilhado (CIC 2000–2001). A comunidade dos santos é cidade sobre o monte; sua claridade provém do Cordeiro e sustenta os que atravessam noites e provações.
Concretamente, colocar a lâmpada no candeeiro significa tornar o Evangelho visível: testemunho no trabalho, fraternidade em casa, serviço na paróquia, coerência online. Guarde a Palavra no coração e na agenda: defina um horário, pratique a lectio divina, confesse com regularidade, participe da Missa. Partilhe seus dons com simplicidade. A luz não é exibicionismo, é caridade. Com Maria, portadora da Luz, aprendamos a iluminar sem alarde, perseverantes e alegres. Quando tropeçar, recomece; quando temer, suplique o Espírito; quando cansar, recorde os frutos discretos que já nasceram. E persevere com irmãos na fé, porque ninguém guarda a chama sozinho.
Pensamentos para Reflexão Pessoal:
1. Como tenho ouvido a Palavra: com distração, divisão interior ou atenção obediente?
2. Que passos concretos colocarei hoje para pôr a “lâmpada” no candeeiro da vida diária?
3. A quem posso iluminar com um serviço simples e discreto nesta semana?
Mensagem Final:
A lâmpada é a Palavra acesa por Cristo. Coloque-a no candeeiro: ouça com atenção, guarde com amor, pratique com coragem. Revise hábitos, corte distrações, partilhe dons. Na Igreja, peça mais luz e perseverança. Com Maria, brilhe sem alarde. O Senhor dará aumento a quem acolhe e serve com fidelidade. Quando fraquejar, recomece hoje mesmo, firme na esperança e no amor.
Referências: Catena Aurea (Lc 8,16–18). CIC 166; 1827; 1435; 2000–2001; 2708.
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