“Não chores”: a visita de Deus que levanta e devolve à vida
- escritorhoa
- 16 de set.
- 3 min de leitura
Atualizado: 18 de set.
Liturgia Diária:
Dia 16/09/2025 - terça-feira
Evangelho: Lucas 7,11–17
Tradução própria
Logo depois, dirigiu-se a uma cidade chamada Naim; iam com Ele seus discípulos e grande multidão. Quando chegou perto da porta da cidade, levavam para fora um morto, filho único de sua mãe, que era viúva; e muita gente da cidade a acompanhava.
Ao vê-la, o Senhor compadeceu-se dela e disse: “Não chores”. Aproximando-se, tocou no esquife, e os que o carregavam pararam; disse: “Jovem, eu te digo, levanta-te!”. O morto sentou-se e começou a falar; e Jesus o entregou à sua mãe.
Todos ficaram tomados de temor e glorificavam a Deus, dizendo: “Um grande profeta surgiu entre nós” e: “Deus visitou o seu povo”. E correu a notícia a seu respeito por toda a Judeia e por toda a região circunvizinha.

Reflexão:
Jesus aproxima-se de Naim e encontra um cortejo de morte: uma viúva perde o filho único. Ao vê-la, comove-se, diz “não chores”, toca o esquife, ordena: “Jovem, eu te digo, levanta-te!”. O morto senta-se e fala; Jesus o entrega à mãe. Todos glorificam a Deus: “Deus visitou o seu povo”. No sentido literal, Lucas revela a autoridade compassiva do Senhor sobre a morte e o sofrimento.
No sentido alegórico, a viúva figura a humanidade ferida, incapaz de guardar a vida; o filho único evoca Adão e a esperança extinta. Cristo, “Senhor” no sentido forte (CIC 448), visita o seu povo e inaugura o tempo messiânico: seus milagres são sinais do Reino e vitória sobre o Maligno (CIC 547–550). A tradição recolhida por São Tomás vê aqui a Palavra que toca, detém o cortejo e restitui comunhão (Catena Aurea, Lc 7,11–17).
No sentido moral, o gesto de Jesus estabelece um caminho. Primeiro, ver e compadecer-se; depois, aproximar-se; enfim, tocar e agir. A caridade cristã chora com quem chora e transforma lágrimas em cuidado: presença, escuta, ajuda concreta, oração pelos defuntos. Aprendemos também a não pronunciar “não chores” como fuga, mas como compromisso de amor que sustenta. Nos sacramentos, Cristo toca nossa morte interior, levanta-nos e devolve-nos à comunhão: Reconciliação, Unção, Eucaristia (CIC 1421; 1520; 1391).
No sentido anagógico, Naim antecipa a ressurreição final: o corpo participa do destino do coração; esperamos “a ressurreição da carne” e a vida do mundo que há de vir (CIC 988; 997–1000). A ordem “levanta-te” ressoará plenamente quando o Senhor vier em glória. Entre o já e o ainda não, vivemos como ressuscitados: livres para amar, firmes na esperança, vigiando contra o pecado que nos conduz ao cortejo de morte.
Concretamente, aproximemo-nos hoje de alguma dor: consolar um enlutado, preparar uma refeição, providenciar transporte, acompanhar ao cemitério, rezar sufrágios (CIC 1032). Nas perdas, levemos o nome de Jesus e o Evangelho que abre caminho. Peçamos à Virgem Maria, Mãe compassiva, que interceda por nossas famílias, especialmente pelos pais, mães e filhos provados. E testemunhemos a visita de Deus com simplicidade, para que muitos se levantem e falem vida.
Por fim, deixemos que a Palavra toque nossos cortejos escondidos: desânimo, culpas, rupturas. Levantemo-nos “em nome de Jesus” e retomemos o caminho com a Igreja: direção espiritual, perdão recebido e oferecido, obras de misericórdia. Onde Cristo chega, a esperança renasce e a vida recomeça para todos os feridos.
Pensamentos para Reflexão Pessoal:
1. Quem precisa hoje do meu cuidado concreto para transformar lágrimas em esperança?
2. Que “cortejo de morte” interior peço a Cristo que toque e interrompa?
3. Como viverei os sacramentos como encontros onde o Senhor me “levanta” e devolve à comunhão?
Mensagem Final:
Em Naim, Jesus vê, compadece-se, toca e ordena: “Jovem, levanta-te!”. Hoje, deixe que Ele visite seus lutos, culpas e desânimos. Recorra aos sacramentos, pratique obras de misericórdia, console quem chora. Maria acompanhe você. Onde Cristo chega, a esperança renasce, a comunhão se recompõe e a vida recomeça para todos. Reze pelos defuntos e caminhe com fé, coragem e mansidão sempre.




Comentários