O Mais Forte e a casa indivisa
- escritorhoa
- 10 de out.
- 3 min de leitura
Liturgia Diária:
Dia 10/10/2025 - Sexta-feira
Evangelho: Lucas 11,15-26
Alguns diziam: “É por Belzebu, chefe dos demônios, que ele expulsa demônios”. Outros, para pô-lo à prova, pediam-lhe um sinal do céu. Ele, porém, conhecendo os pensamentos deles, disse: “Todo reino dividido contra si mesmo cai em ruínas, e casa sobre casa desaba. Se Satanás está dividido contra si mesmo, como subsistirá seu reino? Vós dizeis que eu expulso demônios por Belzebu. Ora, se eu expulso demônios por Belzebu, por quem os expulsam os vossos filhos? Por isso, eles mesmos serão os vossos juízes. Mas, se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demônios, então chegou a vós o Reino de Deus. Quando o homem forte, bem armado, guarda seu palácio, seus bens estão em segurança. Mas, sobrevindo alguém mais forte que ele, vence-o, tira-lhe a armadura em que confiava e reparte seus despojos. Quem não está comigo é contra mim; e quem não recolhe comigo, espalha. Quando o espírito impuro sai do homem, vagueia por lugares áridos, buscando repouso; e, não o encontrando, diz: ‘Voltarei para minha casa, de onde saí’. Ao chegar, encontra-a varrida e arrumada. Então vai e traz consigo outros sete espíritos piores do que ele; e, entrando, instalam-se ali. E o estado final daquele homem torna-se pior do que o primeiro”.

Reflexão:
O Evangelho narra a controvérsia sobre os exorcismos de Jesus. Alguns o acusam de agir por Belzebu; outros pedem um sinal. No sentido literal, o Senhor responde com argumentos claros: um reino dividido não subsiste; se Ele expulsa demônios pelo “dedo de Deus”, então chegou o Reino. Fala do “homem forte” armado e do Mais Forte que o vence; e adverte sobre o espírito impuro que retorna a uma casa vazia. No sentido alegórico, Cristo é o Mais Forte que derrota Satanás na Páscoa, libertando-nos da escravidão e instaurando o senhorio de Deus (cf. CIC 550; 2853). No sentido moral, a neutralidade é impossível: “quem não está comigo é contra mim”. A libertação recebida precisa de perseverança, oração e vida sacramental, para que a casa permaneça habitada por Deus. No sentido anagógico, a vitória de Cristo antecipa o julgamento final, quando todo mal será definitivamente submetido, e os fiéis participarão da paz do Reino (cf. CIC 681-682).
Santo Agostinho comenta que o diabo reina onde o homem consente no pecado, mas perde espaço quando Cristo habita como Senhor (Serm. 80,2). São Gregório Magno explica que, se o coração permanece ocioso depois da purificação, os vícios retornam com maior força (Hom. in Evang. I,34). São Tomás ensina que a graça aumenta com os atos, consolidando a caridade e fechando as portas ao inimigo (STh I-II, q.114, a.8).
Aplicação: discernir as divisões interiores que fragilizam a casa: duplicidade, ressentimentos, acordos com pequenas infidelidades. A resposta começa no primeiro mandamento: adorar somente a Deus; renunciar explicitamente ao Maligno e às suas obras; rejeitar superstições e pactos, mesmo sutis. Caminhos concretos: exame de consciência diário; confissão frequente; comunhão eucarística devota; leitura orante da Palavra; jejum moderado; obras de misericórdia. Vigilância sóbria protege a “casa”, enquanto caridade fraterna pacifica relações e desfaz ciladas de acusação. Pastoralmente, lembra-se que o combate espiritual é normal na vida cristã, mas travado com armas de luz: fé, esperança e amor, em comunhão com a Igreja.
Peçamos à Virgem Maria, “casa habitada” pelo Espírito, a graça de uma adesão indivisa a Cristo. Que Ele seja o Senhor de nossos pensamentos, afetos e escolhas. Mantida a casa cheia de oração, verdade e serviço, os espíritos impuros não encontrarão lugar. Assim caminharemos firmes, sem divisões interiores, guardados pela graça, perseverando na Palavra e nos sacramentos, até que o Mais Forte reine plenamente em nós e, por nós, pacifique muitos outros corações na caridade.
Pensamentos para Reflexão Pessoal:
1. Onde reconheço divisões interiores que abrem brechas ao inimigo?
2. Que passo concreto darei hoje para manter a “casa” habitada por Deus?
3. Que práticas ordinárias de vigilância e caridade preciso retomar com perseverança?
Mensagem Final:
Jesus é o Mais Forte que derruba o inimigo e reconcilia a casa dividida. A libertação exige decisão: estar com Ele, habitar sua Palavra, viver sacramentos, praticar caridade. Renuncie hoje a toda sombra de mentira, rancor e superstição. Reze, confesse-se, comungue. Nele, portas se abrem, corações pacificam, e o Reino avança. Permaneça humilde, vigilante, obediente, e confie no Espírito Santo.
Leitura Complementar:
Para aprofundar o tema do Combate Espiritual, Leia nosso artigo: O Combate Espiritual: Armas da Alma




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