Perseverar na oração, permanecer na fé
- escritorhoa
- 19 de out.
- 4 min de leitura
Liturgia Diária:
Dia 19/10/2025 - Domingo
Evangelho: Lucas 18,1-8
Jesus contou-lhes uma parábola sobre a necessidade de orar sempre, sem desanimar: “Havia numa cidade um juiz que não temia a Deus nem respeitava homem algum. E naquela cidade havia uma viúva que vinha continuamente, dizendo: ‘Faze-me justiça contra o meu adversário’. Por muito tempo ele não quis; depois pensou: ‘Ainda que eu não tema a Deus nem respeite homem algum, como esta viúva me importuna, vou fazer-lhe justiça para que não venha sem cessar aborrecer-me”. E o Senhor disse: “Escutai o que diz o juiz injusto. E Deus não fará justiça aos seus eleitos que a ele clamam dia e noite? Tardará em socorrê-los? Eu vos digo: depressa lhes fará justiça. Mas, quando o Filho do Homem vier, encontrará fé sobre a terra?”

Reflexão sobre o Evangelho:
Jesus propõe uma parábola para ensinar “a necessidade de orar sempre, sem desanimar”. No sentido literal, o contraste é forte: um juiz que não teme a Deus nem respeita o homem, e uma viúva sem poder, que, pela insistência, obtém justiça. Se um juiz iníquo cede por cansaço, quanto mais o Pai fiel atenderá os que clamam dia e noite; a demora, portanto, não expressa indiferença, mas pedagógica purificação (CIC 2613).
No sentido alegórico, a viúva representa a Igreja em sua pobreza e perseverança; o adversário figura toda força de opressão e o Inimigo, e o Juiz verdadeiro é Deus. A súplica contínua revela a fé que não se apoia em recursos próprios, mas na promessa. A insistência, porém, não manipula Deus; antes, conforma o coração ao querer divino, dilatando-o para acolher o dom que chega no tempo oportuno.
Moralmente, a parábola educa para a constância: rezar na aridez, combater distrações e acídia, ordenar os afetos, e unir súplica e caridade; quem reza com perseverança aprende a amar com perseverança (CIC 2739; 2742). Agostinho aconselha Proba: “Reza quanto puderes; e quanto puderes ama”, indicando que o amor mede a verdade da oração (Ep. 130). A pergunta final de Jesus — “quando o Filho do Homem vier, encontrará fé sobre a terra?” — transforma o tema: não basta pedir; é preciso guardar a fé que pede com confiança filial.
No sentido anagógico, a perseverança orante é vigilância escatológica: a comunidade permanece com a lâmpada acesa, esperando o Juiz justo que virá “depressa”. “Depressa” não é cronologia humana; é decisão soberana de Deus, certa e eficaz, que surpreende os que perseveram. Assim, a oração contínua não multiplica palavras, mas mantém a relação: bater, buscar, permanecer.
Por fim, o “clamor dia e noite” encontra sua forma plena na liturgia e na vida: salmos, intercessões, silêncio, jejum, obras de misericórdia. A viúva ensina a humildade de quem retorna sem cessar. O discípulo aprende a dizer hoje: não desistirei de pedir o Espírito, a conversão, a justiça, a paz; não abandonarei a Palavra; não cansarei de amar. Perseverar é oferecer a Deus uma vontade constante, para que Ele forme em nós o coração de Cristo. Então, quando o Senhor vier, encontrará em nós uma fé que insiste sem dureza, humilde sem passividade, ativa sem ansiedade, simples como a viúva e confiante como filhos, certa de que Deus faz justiça e salva com misericórdia e verdadeiramente.
Pensamentos para Reflexão Pessoal:
1. Em que situação concreta preciso voltar a pedir hoje, “sem desanimar”, confiando no tempo de Deus?
2. Quem sustenta minhas “mãos erguidas”, e a quem eu posso sustentar na batalha pela oração?
3. Qual hábito de escuta da Escritura posso retomar para que minha súplica seja mais confiante e fiel?
Reflexão sobre as Leituras do Dia:
Primeira Leitura: Ex 17,8-13
Salmo: Sl 120(121),1-2.3-4.5-6.7-8 (R. cf. 2)
Segunda Leitura: 2Tm 3,14–4,2
Evangelho: Lc 18,1-8
O tema é a perseverança que gera vitória e fidelidade. Enquanto Moisés intercede, Israel prevalece: a oração sustenta a missão e, quando os braços fraquejam, a comunhão os sustém; Aarão e Hur significam a Igreja que levanta o desanimado (Ex 17,8-13). O Salmo responde com confiança: o Senhor, guarda que não dorme, protege a tua saída e entrada, dia e noite (Sl 121). Paulo exorta Timóteo a permanecer no que aprendeu, nutrido pelas Escrituras “inspiradas por Deus” e aptas para ensinar, corrigir e formar na justiça; dessa escuta nasce o mandato: “proclama a Palavra, a tempo e fora de tempo” (2Tm 3,14–4,2). No Evangelho, Jesus revela que a súplica perseverante dos eleitos não é ruído, mas ato de fé que apressa a justiça divina (Lc 18,1-8). Assim, orar, escutar e anunciar formam dinamismo: mãos erguidas, coração confiante, boca que proclama; Deus age e sustenta seu povo em todo o caminho.
Mensagem Final:
Ora com confiança firme: Deus não é juiz relutante, é Pai fiel. Retoma hoje o pedido que abandonaste, sustenta e deixa-te sustentar, persevera na Palavra e na caridade. Assim, tua oração se torna vigilância amorosa, apressa a justiça de Deus e guarda a fé até a vinda do Filho do Homem. Perseverar é amar que não cansa de bater.
Referências: Catena Aurea (Lc 18,1–8). CIC 2613; 2739; 2742. Agostinho (Ep. 130 ad Proba).




Comentários