“Quem é este?” — curiosidade ou conversão?
- escritorhoa
- 25 de set.
- 3 min de leitura
Liturgia Diária:
Dia 25/09/2025 - quinta-feira
Evangelho: Lucas 9,7–9
Tradução própria
Herodes, o tetrarca, ficou perplexo por ouvir falar de tudo o que acontecia, pois alguns diziam: “João ressuscitou dos mortos”; outros: “Elias apareceu”; e outros: “Um dos antigos profetas ressuscitou”.
Herodes disse: “Eu decapitei João; quem é, então, este de quem ouço tais coisas?”. E procurava ver Jesus.

Reflexão:
Herodes ouve falar de Jesus e fica perplexo. Rumores se multiplicam: João ressuscitado, Elias, um profeta antigo. O tetrarca, atormentado pela consciência de ter decapitado João, deseja ver Jesus, mas permanece dividido. No sentido literal, Lucas expõe a notoriedade pública do Senhor e a ambiguidade de um poder fascinando‑se com sinais, sem decidir‑se pela verdade (Lc 9,7–9). O “ver” de Herodes ainda não é fé; é curiosidade política.
No sentido alegórico, Herodes representa o poder mundano que teme a luz e prefere sombras de opinião. Cristo, porém, é o Profeta definitivo, o Filho que ultrapassa Elias e João. Os Padres, recolhidos na Catena Aurea, comentam que a fama de Jesus convoca decisão: ou acolher a conversão anunciada por João, ou fechar‑se num ver sem obedecer. Os milagres confirmam a Palavra e pedem fé, não espetáculo (CIC 547–548).
No sentido moral, perguntamos: nosso desejo de “ver Jesus” nasce de curiosidade, estética religiosa, busca de utilidade, ou de amor que escuta e obedece? A fé adulta é obediência do coração que se converte (CIC 1430–1432). Herodes ouviu João com agrado, mas prendeu o profeta; nós, às vezes, apreciamos o Evangelho e, ao mesmo tempo, preservamos complacências. Examinemos juízos apressados e conversas que ferem; a caridade guarda a língua e interpreta benignamente (CIC 2477–2478). A oração perseverante purifica intenções e abre espaço para decisões novas (CIC 2725).
No sentido anagógico, o desejo de ver o Senhor aponta para a visão da glória: “Nós o veremos como Ele é”. Já saboreamos essa promessa na Eucaristia, onde Cristo se deixa ver sob o véu do sacramento e nos prepara para a vinda definitiva (CIC 1380; 1404). Quem acolhe hoje sua presença escondida aprenderá a reconhecê‑lo no pobre, no irmão ferido e no pequeno, até contemplá‑lo face a face.
Concretamente, respondamos à pergunta de Herodes com passos de conversão. Primeiro, ouvir: reservar tempo real para a Palavra. Depois, decidir: cortar o que contraria o Evangelho, começando por pequenas concessões ao pecado. Em seguida, reparar: reconciliar‑se, restituir, pedir perdão. Por fim, adorar: permanecer diante de Jesus na Eucaristia, deixando que Ele reordene afetos e escolhas. Maria, Mãe da Igreja, nos ensina um ver que escuta, guarda e pratica. Que nossa curiosidade se transforme em fé obediente e serviço humilde, para que o mundo reconheça, não um rumor religioso, mas o rosto do Filho que salva.
Pensamentos para Reflexão Pessoal:
1. Meu desejo de “ver Jesus” é curiosidade, hábito ou decisão de conversão concreta?
2. Que concessão ao pecado preciso cortar hoje para que a Palavra tenha autoridade sobre mim?
3. Como a Eucaristia pode purificar minhas intenções e transformar o meu modo de ver os outros?
Mensagem Final:
Herodes pergunta: “Quem é este?”. Responda com conversão, não curiosidade. Ouça o Evangelho, decida pela verdade, repare o mal, adore na Eucaristia. Deixe que Jesus reordene afetos, palavras e escolhas. Com Maria, peça um coração obediente. Assim, o desejo de ver se torna encontro transformador, e sua vida testemunha o rosto do Filho que salva com misericórdia e poder.
Referências: Catena Aurea (Lc 9,7–9). CIC 547–548; 1380; 1404; 1430–1432; 2477–2478; 2725.
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