Pedi, buscai, batei: a audácia dos filhos
- escritorhoa
- 9 de out.
- 3 min de leitura
Liturgia Diária:
Dia 09/10/2025 - Quinta-feira
Evangelho: Lucas 11,5-13
E Jesus lhes disse: “Quem dentre vós terá um amigo e, à meia-noite, for procurá-lo, dizendo: ‘Amigo, empresta-me três pães, pois um amigo meu chegou de viagem e não tenho o que lhe oferecer’; e ele, lá de dentro, responder: ‘Não me incomodes; a porta já está fechada, e meus filhos estão comigo na cama; não posso levantar-me para te dar’? Eu vos digo: mesmo que não se levante para dar por ser seu amigo, levantar-se-á ao menos por causa da importunação e lhe dará quanto precisar. Também vos digo: pedi e vos será dado; buscai e achareis; batei e vos será aberto. Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e a quem bate se abrirá. Qual de vós é o pai que, se o filho pedir um peixe, lhe dará, em vez de peixe, uma serpente? Ou, se pedir um ovo, lhe dará um escorpião? Se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas a vossos filhos, quanto mais o Pai do céu dará o Espírito Santo aos que lho pedirem!”

Reflexão:
O Evangelho continua o ensino de Jesus sobre a oração com três quadros: o amigo à meia-noite, os três imperativos — pedi, buscai, batei — e a comparação paterna. No sentido literal, a parábola mostra a insistência confiante: a necessidade do outro bate à nossa porta e nos obriga à caridade, mesmo fora de hora. Os verbos no presente indicam perseverança. Alegoricamente, o Amigo é o próprio Cristo que, no Espírito, intercede por nós e nos ensina a apresentar as carências do mundo ao Pai (cf. Hb 7,25). Moralmente, aprendemos a unir audácia e humildade: pedir sem desânimo, buscar com reta intenção, bater renunciando ao comodismo. Anagogicamente, a promessa remete à efusão do Espírito Santo, dom por excelência; nele, Deus se nos dá a si mesmo (cf. Lc 11,13; CIC 733-736).
Os Padres destacam a santa importunação. Santo Agostinho afirma que Deus dilata o desejo ao retardar o dom, para que caiba mais graça no coração (Serm. 61,7). São João Crisóstomo assinala que perseverar não é constranger Deus, mas formar o suplicante (Hom. in Matth. 23). São Tomás explica que a oração é causa instrumental dos benefícios divinos, porque Deus quis associar-nos livremente a seus desígnios (STh II-II, q.83, a.2).
Três correções nascem do texto. Primeiro: pedir não é exigir. Quem ora se conforma à vontade do Pai, discernindo desejos e purificando afeições. Segundo: buscar é mover os pés. A súplica não dispensa meios humanos honestos, trabalho diligente e responsabilidades. Terceiro: bater implica relação. A oração cristã acontece em comunhão: Igreja, Palavra, sacramentos, caridade fraterna.
Aplicação prática. Retomar um horário diário estável para orar com o Evangelho; apresentar a Deus pessoas concretas; interceder pelos pobres, doentes e afastados; pedir o Espírito antes das decisões. Exercitar a perseverança: quando a aridez vier, permaneça; quando a resposta tardar, agradeça os sinais discretos; quando a porta parecer fechada, bata com maior humildade. A Eucaristia é o pão da meia-noite que o Pai sempre concede à família, sustentando a caridade que reparte. Assim, nossa casa torna-se lugar onde outros possam bater e encontrar acolhida.
Maria, Mãe da Igreja, ensina o ritmo da oração perseverante, simples e confiada. Com ela, digamos hoje: Pai, dá-nos o Espírito; ensina-nos a pedir o que convém; faze-nos generosos como tu, para que, recebendo o dom, saibamos partilhá-lo. Perseveremos nas petições e na caridade concreta, certos de que o Pai abre portas oportunas e transforma noites em amanhecer de graça.
Pensamentos para Reflexão Pessoal:
1. Qual pedido preciso apresentar com perseverança e humildade ao Pai hoje?
2. Onde devo “buscar” e “bater” com meios honestos e caridade concreta?
3. Como minha casa pode tornar-se lugar de acolhida para quem chega à “meia-noite”?
Mensagem Final:
Jesus ensina a pedir com perseverança: amigo à meia-noite, pedi, buscai, batei. O Pai dá o melhor dom: o Espírito Santo. Retome um horário diário de oração, apresente nomes concretos, e una pedido a trabalho e caridade. Na aridez, permaneça; na demora, agradeça. Confie: quem bate com humildade encontra portas abertas. Hoje, peça luz, força, coragem e coração obediente, fiel.
Leitura Complementar:
Para se aprofundar na Oração Silenciosa, Leia nosso artigo: No Silêncio, Deus se Revela: A Dimensão Contemplativa da Fé Cristã




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