Ver para guiar: primeiro a trave, depois o cisco
- escritorhoa
- 12 de set.
- 3 min de leitura
Liturgia Diária:
Dia 12/09/2025 - sexta-feira
Evangelho: Lucas 6,39–42
Tradução própria
Propôs‑lhes também uma parábola: “Pode um cego guiar outro cego? Não cairão ambos no buraco? O discípulo não está acima do mestre; todo aquele, porém, que for plenamente instruído será como o seu mestre.
Por que vês o cisco que está no olho do teu irmão, e não percebes a trave que está no teu próprio olho? Como podes dizer a teu irmão: ‘Irmão, deixa‑me tirar o cisco que está no teu olho’, não vendo tu mesmo a trave que está no teu? Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás com clareza para tirar o cisco que está no olho do teu irmão.”

Reflexão:
Jesus conta uma parábola: pode um cego guiar outro cego? O destino é cair no buraco. No sentido literal, Lucas recolhe sentenças sapienciais que orientam o discípulo: quem aprende de Cristo não se coloca acima do Mestre; formado, torna‑se semelhante a Ele. A imagem do cisco e da trave denuncia a hipocrisia: reparar no mínimo do irmão enquanto ignoramos o peso do próprio pecado. A correção fraterna começa pela conversão pessoal.
No sentido alegórico, o Mestre é Cristo, luz dos que veem e guia dos que caminham. Quem O segue recebe visão nova para discernir e servir. A trave indica o orgulho que obscurece o olhar; o cisco, faltas reais, porém menores. A Catena Aurea lembra, com Agostinho e Crisóstomo, que a semelhança com o Mestre nasce da humildade obediente e do exercício paciente da caridade, que cura o olhar e endireita os passos.
No sentido moral, o Senhor nos ensina a ordenar primeiro a casa interior: exame diário, Confissão frequente, reparação do mal feito. A caridade evita o juízo temerário e interpreta benevolamente o próximo (CIC 2478); a conversão cotidiana purifica intenções e hábitos (CIC 1435). Só então a correção fraterna torna‑se serviço humilde, que busca o bem do irmão e escolhe hora, modo e palavras conforme a verdade e a misericórdia.
No sentido anagógico, a visão clarificada antecipa o dia em que veremos Deus face a face; até lá, caminhamos na fé, deixando que o Espírito purifique nosso olhar. O discípulo plenamente formado será “como o Mestre”: configurado a Cristo pela Eucaristia, pela oração e pela prática constante das obras de misericórdia. Assim, a comunidade torna‑se lugar onde todos aprendem, caem, levantam, corrigem e são corrigidos com esperança.
Concretamente, peçamos um coração ensinável: ouvir antes de falar, perguntar antes de concluir, rezar antes de corrigir. Formemos a consciência pela Palavra e pelo Magistério (CIC 1783–1785). Evitemos ironias e difamações; pratiquemos a benevolência e a paciência que cobrem múltiplas falhas. Quando for necessário corrigir, aproximemo-nos com humildade, propondo passos possíveis. E agradeçamos também quem, com caridade, nos ajuda a retirar a trave que nos fere.
Por fim, lembremos: o “discípulo não está acima do mestre”, mas pode tornar‑se semelhante a Ele. Essa semelhança nasce do discipulado concreto: escutar diariamente o Evangelho, permanecer na Eucaristia dominical, buscar direção espiritual, servir os pobres e reconciliar‑se com prontidão. Assim, veremos melhor e guiaremos outros com mão segura na paciência e na alegria.
Pensamentos para Reflexão Pessoal:
1. Que “trave” concreta preciso retirar hoje para ver e amar melhor?
2. Como posso praticar a correção fraterna com humildade, hora e modo oportunos?
3. Quem Deus me pede para acompanhar, ensinando com exemplo mais que palavras?
Mensagem Final:
Cristo forma discípulos que veem e servem. Antes de corrigir, converta o coração: remova a trave e ajude o irmão com caridade. Reze, discerna, procure a Confissão e alimente-se da Eucaristia. Seguir o Mestre dá visão para guiar sem cegar. Hoje, peça humildade, palavras mansas e passos concretos de reconciliação, na família e na paróquia, com paciência, firmeza e esperança.




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